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Desequilíbrio de preços entre categorias preocupa pecuaristas Crédito: FRANCISCO BOSCO / CP MEMÓRIA |
O preço aquecido da terneirada de outono, que acaba de terminar, deve dar trabalho extra ao terminador. Com a média dos machos a R$ 4,06 o quilo vivo e o boi gordo a R$ 3,30, deixar esse terneiro pronto para abate de forma rentável não será tarefa fácil, preveem especialistas. A diferença de quase 25% entre o preço de um e de outro exigirá uma engorda mais qualificada e eficiente do que é feito normalmente.
Neste certame, os terneiros tiveram acréscimo de 5,94% no preço em relação à temporada 2011. Já o custo de pecuária no Estado, considerando os diversos sistemas de produção, subiu 12,31% no período, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. Diferença que anulou o ganho real. Ainda assim, o presidente do Sindiler, Jarbas Knorr, considerou positiva a temporada, com ótimos preços.
O consultor Fernando Velloso, da FFVelloso & Dimas Rocha Assessoria Agropecuária, argumenta que a mudança no perfil da engorda agrava a situação. Ele observa que há alguns anos o sistema era extensivo, levava de três a quatro anos para que um animal fosse a abate. Atualmente, é preciso engordá-lo mais rápido porque antes dos 2 anos o exemplar estará indo para o frigorífico. "É preciso ter melhores ganhos por área e animal, tentar extrair mais da terra", explica.
Os produtores estão preocupados. Presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito, José Roberto Pires Weber, que há dez anos realiza o remate Santa Thereza dentro da programação da Farm Show, classifica de "absurdo" o preço do terneiro. "De que jeito o produtor vai comprar esse animal e engordá-lo sem prejuízo? É uma relação nada vantajosa vender um boi 25% mais barato do que se comprou, sendo que foi preciso investir dinheiro para que ele engorde", acredita.
Para Knorr, isso não será problema. Ele argumenta que as propriedades estão preparadas para receber os terneiros. "O produtor espera os terneiros com muita comida, sabe que é preciso que eles ganhem peso rápido e fiquem pesados o suficiente para serem repassados aos frigoríficos com preço satisfatório. Engorda eficiente resulta em retorno positivo na hora da venda ao frigorífico, compensando a diferença de preço", expõe.
O leiloeiro Marcelo Silva, um dos mais atuantes nos remates em ambas temporadas, preocupa-se com a diferença de cotação entre o terneiro e o boi gordo. Para o diretor da Trajano Silva Remates, o mercado chegou a patamares complicados. "É hora de o governo atuar, tomando medidas para aquecer o preço do boi gordo, como fomentar as exportações e incentivar a concorrência entre os frigoríficos", acredita.
Afora a dificuldade de engorda, o preço do terneiro em alta traz boas perspectivas para o certame de primavera. Indiretamente, explica Silva, o preço do terneiro deve causar reflexo na temporada em função da relação costumeira de oito terneiros para cada reprodutor. "Em função disso, há uma previsão de aumento de 12 a 15% no preço dos touros em relação a 2011, que devem chegar a R$ 7 mil."
O desempenho
- Terneiros: 40.435 (-21,7%)*
Total: R$ 29,12 milhões
Preço médio: R$ 4,06 (-5,94%)*
- Terneiras: 10.084 (+7,29%)*
Total: R$ 6,33 milhões
Preço médio: R$ 3,68 (+2,1%)*
- Vaquilhonas: 6.174 (+45,89%)*
Total: R$ 6,24 milhões
Preço médio: R$ 3,44 (+23,33%)*
* Comparativo com 2011
FONTE: CORREIO DO POVO
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