terça-feira, 5 de outubro de 2010

Churrasco do fim de ano vai sair mais caro até dezembro

Seca e entressafra vão pressionar os preços da carne, que só voltarão a recuar em 2011

POR MAX LEONE

Rio - O carioca que gosta de um bom bife e de reunir os amigos para saborear uma picanha no churrasco de fim de ano terá que esperar até o começo de 2011 para sentir o preço pesar menos no orçamento. Devido à entressafra e à seca em regiões produtoras, os valores das carnes bovinas em geral se mantiveram em alta ao longo do ano. E até dezembro não vão parar de subir.

Nos últimos 12 meses, o produto ficou mais caro, em média, 11,23%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getulio Vargas (FGV). A inflação divulgada ontem, do mesmo período (outubro 2009 a setembro 2010), marcou 5,13% no Rio. Mas se o consumidor aceitar substituir a carne nobre que usa no churrasco por um tipo de segunda poderá economizar até 41,44%.



“Os preços continuarão subindo nos próximos meses. Mas serão altas menos expressivas”, prevê André Braz, economista da FGV.

Matheus Scaglia, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) explica que, com o começo do abate do chamado gabo de confinamento, agora em outubro, haverá maior oferta de carne no mercado. Assim, a pressão sobre os preços ao consumidor final será aliviada.

“Tanto as carnes de primeiro quando as de segunda estão com preços em alta. Mas o valor das menos nobres ainda está mais em conta para o consumidor”, diz o pesquisador.

A aposentada Ilma Cardoso Mendes, 73 anos, percebeu que os preços estão salgados. A alternativa que ela busca na hora de comprar é trocar a carne de primeira por um tipo de segunda. “Eu, por exemplo, gosto muito de carne de segunda, como costela, que é uma boa e barata. Também vale a pena comprar carne moída, porque é econômica. É barata e rende mais”, ensina Ilma.

Substituir para economizar

O consumidor pode deixar de gastar uns bons reais, se quiser seguir dicas do nutrólogo José Alexandre Portinho, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), e substituir a carne na hora de preparar um bife. Segundo a pesquisa de preços da FGV, quem gosta de alcatra — o quilo sai a R$ 16,59 — consegue reduzir o custo ao comprar chã de dentro ou coxão mole, que custa R$ 12,80, queda de 22,84%. “O chã pode ser feito em bifes, sem problemas”. No caso de substituir contra-filé por coxão mole, a economia será de 20,49%, com o preço caindo de R$ 16,10 a R$ 12,80.

Combinações não alteram o valor nutritivo da carne

Ao aceitar trocar carnes nobres por peças de segunda, os consumidores podem também garantir uma refeição mais nutritiva com combinações que agreguem outros componentes, como legumes e verduras. O nutrólogo José Alexandre Portinho explica que não há variações na quantidade de proteínas, sais minerais e ferro entre os vários tipos de carnes vermelhas. “O que pode variar é a quantidade de gordura, a textura e o gosto. Com os outros ingredientes, a alimentação vai ficar ainda mais nutritiva e saudável”, afirma.

Ele indica que músculo, por exemplo, pode ser usado em caldos, sopas e cozidos, além de desfiado em saladas de legumes. Outra boa receita é usar o lagarto para fazer um bom carpaccio. Após ser congelada, a carne deve ser cortada em fatias bem finas e servida com molho. “Muita gente pensa que o carpaccio é filé mignon. Mas o prato pode ser preparado usando peito”, ensina Portinho.

No tradicional cozido, com bastante legumes e batata, o peito bovino também é recomendado, além da costela. Para carne moída, deve ser usada qualquer peça sem osso ou muita gordura.

FONTE: O DIA ONLINE

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