Hoje me ligou um produtor todo confuso, perguntando como era possível que seu amigo tivesse vendido boi ao frigorífico por R$105,00/@ sendo que a mesma unidade oferecia apenas R$100,00/@ à vista pelos bois para entrega imediata.
No início, também me surpreendi com a história contada, ainda mais por saber que o mercado está em uma clara tendência altista devido à oferta de animais pequena. Por isso, não me espantaria a notícia de negócio em valores mais altos.
Mas a grande diferença entre os preços relatados me chamou a atenção. Começamos a trocar e-mails, os três: eu, o cliente e seu amigo, aquele que tinha vendido ao frigorífico por R$105,00/@. E aí, tudo fez sentido.
O cliente com quem tenho contato direto pretendia vender seus animais no mercado “spot”, ou seja, para entrega imediata ao frigorífico.
Ele pretendia realizar a venda hoje para embarcar nos próximos 2 dias. Já o seu amigo vendeu seus animais no mercado a termo para entrega em agosto, que configura uma maneira diferente de comercialização.
O mercado a termo é um acordo entre frigorífico e pecuarista para entrega futura de animais. O pecuarista combina com o frigorífico de entregar determinada quantidade de bois em uma data futura específica.
É claro que nos próximos meses o preço do boi gordo vai mudar, portanto é imprescindível entender que o mercado futuro é utilizado como baliza para a precificação do boi negociado a termo. É uma maneira de garantir o que a bolsa indica, como preço justo, para o futuro naquele momento.
Se a entrega deverá ser realizada em agosto, por exemplo, recorremos ao mercado futuro e observamos que ele precifica para o boi gordo uma arroba a R$105,00 naquele mês, no futuro próximo.
O acordo, portanto, é que o frigorífico garanta ao pecuarista os R$105,00/@ em agosto, mesmo que o mercado no balcão (ou spot) esteja valendo menos. O pecuarista, por sua vez, deverá cumprir com o acordo, que é formalizado através de um contrato. Se o mercado bater R$108,00/@ em agosto, o pecuarista receberá apenas os R$105,00/@. Para garantir o cumprimento do acordo, há a incidência de uma multa no caso de o pecuarista não entregar a produção.
Coincidentemente, nesta semana ouvi o pessoal dos frigoríficos informando que tem ocorrido muita confusão entre o que eles pagam no mercado “spot” e no mercado a termo; então resolvi escrever sobre isso pra ver se ajudo um pouco a tirar as nuvens do caminho.
Para os produtores que não gostam de abrir sua estratégia de vendas nos próximos meses para o frigorífico, há meios de realizar a mesma operação de trava de preços fazendo uso apenas da corretora e do mercado futuro, sem envolver o frigorífico num primeiro momento.
Já discorri sobre essas alternativas em textos anteriores e para quem perdeu a discussão, é só conferir nos textos mais antigos.
Abraços e até a semana que vem!
FONTE: www.agroblog.com.br/ autor Lygia Pimentel
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