Fonte: Portal do Agronegócio |
Estimativas mais otimistas indicam que mais de 50% das pastagens cultivadas do Brasil apresentam algum grau de degradação. Esse cenário torna-se mais alarmante quando se calcula que nessas pastagens são mantidos mais de 70% dos bovinos, além de outras espécies de animais domésticos. Apesar do pessimismo, num primeiro instante, esse panorama nos mostra o imenso potencial da pecuária de corte nacional, a partir do manejo adequado da pastagem com uso de tecnologias já disponíveis.
Estudos indicam que pastagens sob manejo extensivo, em áreas com pequenas limitações, serão, cada vez mais, pressionadas pela agricultura de grãos, fibras e biocombustíveis e, em áreas com maiores limitações, pela silvicultura, sendo deslocadas para áreas marginais e de fronteira.
Com as crescentes restrições para abertura de novas áreas com vegetação nativa para a agropecuária e com o aumento das demandas internas e externas por carne bovina, o futuro parece caminhar para o uso mais intensivo e eficiente de áreas com pastagens, como a adoção de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. Entretanto, essas mudanças não serão imediatas, mas algumas mudanças culturais e a adoção de tecnologias mais brandas devem começar o quanto antes, para melhorar a estabilidade dos sistemas de produção e tornar a cadeia produtiva da carne bovina melhor estruturada, com maior poder de barganha para políticas públicas mais favoráveis e maior competitividade diante do mercado externo.
Nesse contexto, é importante ressaltar que o passivo ambiental causado pela agropecuária, como a degradação das pastagens e a derrubada da floresta amazônica e do cerrado para implantação de novas pastagens, pode reverter em barreiras não tarifárias para a carne brasileira no exterior.
Considerando-se a recuperação de apenas 10% das pastagens degradadas brasileiras, com capacidade de suporte atual de 0,5 animal por hectare, pode-se aumentar o rebanho nacional em, no mínimo, cinco milhões de animais, sem a abertura de novas áreas, contribuindo para a diminuição do impacto ambiental da agropecuária, principalmente, quanto à emissão de gases do efeito estufa e à erosão do solo. Mais do que ganhos quantitativos, a melhoria da qualidade das pastagens refletirá diretamente na diminuição do período em que o animal permanece na pastagem, melhorando a qualidade da carne e aumentando a taxa de desfrute, para alcançarmos níveis médios próximos aos 30%, típicos de países mais eficientes na produção de carne bovina.
Pastagens sustentáveis, esse é o grande desafio da pecuária de corte brasileira para os próximos dez anos.
*Pesquisador da Embrapa Gado de Corte
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