Novo levantamento Acrimat/Imea mostra que a produção suprirá apenas 17% da demanda
O novo levantamento das intenções de confinamento de bovinos, em Mato Grosso, apresentado ontem (28) pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), apenas reforçou os números anteriores que previam avanço da modalidade em relação ao volume de animais contabilizados no ano passado. Conforme os dados, a expansão anual será de 34,7%. Mas, apesar do aumento, o número de animais confinados não será suficiente para atender à demanda dos frigoríficos no decorrer dos próximos meses. Com um cenário de déficit em relação ao suprimento de bovinos para o restante do ano é dado como certo a pressão sobre o consumidor que deverá pagar mais caro pelo pedaço de carne.
Segundo o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, o peso desse desequilíbrio vai depender muito da margem de lucro que o varejo vai embutir na hora de cortar o bife da carne do boi, “pois nos últimos cinco anos, enquanto os preços da arroba e dos produtos dos frigoríficos tiveram um reajuste de 84%, o varejo aumentou o preço da carne para o consumidor em 140%”.
Os números do confinamento – uma alternativa de engorda mais rápida que tira o gado do pasto e traz para alimentação em cocho a partir do período da entressafra – estadual são estimados, já que a modalidade depende muito dos preços do boi magro e dos itens que compõe a alimentação mais intensiva. Com a alta deste último item, o Imea e a Acrimat não descartam que o rebanho confinado possa ser reduzido e pressionar ainda mais o mercado de bovinos.
Este segundo levantamento encomendado pela Acrimat, ao Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), mostra que existe a intenção de confinar 798.410 mil cabeças em 2011, alta de 34,7% em relação ao total de 2010 (592.834 mil animais). O estudo mostra que da intenção observada para este ano, 90,2% do gado magro já foram adquiridos, mas a aquisição de volumoso é de apenas 40,4%. “Isso demonstra que a intenção de confinamento pode diminuir, pois o item alimentação representa mais de 20% do custo do confinamento”, analisa Vacari.
O aumento nas intenções de confinamento também foi observado no primeiro levantamento feito em abril que para o segundo realizado neste mês de julho apresentou alta de 3,7%. De 770.266 mil animais subiu para 798.410 mil cabeças. “Esse aumento foi uma surpresa para nós, pois esperamos uma redução e a explicação está na rentabilidade do negócio, que atualmente é de mais de 20%”, completa o superintendente do Imea, Otávio Celidônio. Ainda será feito um terceiro levantamento das intenções em outubro.
NÚMEROS – Mato Grosso deve abater este ano 4,5 milhões de cabeças e o boi gordo previsto para sair do confinamento representará apenas 17% dessa demanda, chegando a 26% no período de pico da entrega desses animais, que acontecerá em outubro. “O confinamento não alivia a situação dos frigoríficos, pois terão de buscar os animais criados a campo que estão sem pasto”, disse. Ele observa que muitos frigoríficos estão fazendo confinamento para ter uma “reserva de boi gordo, enquanto os produtores optam em confinar por não ter pasto suficiente para alimentar o gado e os empresários, que montam uma estrutura de confinamento, confinam com uma visão empresarial de um negócio rentável”.
O Estado é o terceiro maior confinador de bovinos do Brasil, atrás apenas de Goiás e São Paulo. Com este segundo levantamento das intenções o Estado, ao confirmar o volume contabilizado pelo Imea, poderá subir no ranking nacional. “Mato Grosso tem todas as condições de se tornar o maior confinar de bovinos do Brasil, pois aqui está o maior rebanho e a maior produção de grãos”, aposta Vacari. O Estado detém o maior rebanho de bovinos do país com 28 milhões de cabeças.
NO COCHO – A região que mais aumentou o número de animais confinados foi a médio norte com um acréscimo de 69,4% das intenções com relação ao ano passado, seguido pelo nordeste com 61,4%. Essas regiões foram as que mais sentiram a forte seca de 2010 e a falta de pasto levou esse gado para o confinamento, tanto que esses animais vão ter uma participação de 23% no médio norte e 21% do nordeste no número de abates. Em contra partida, a região sudeste registrou uma queda de 18,1% “uma clara consequência no fechamento do frigorífico Mataboi de Rondonópolis que abatia 800 cabeças por dia”, analisou Luciano Vacari.
FONTE: Diário de Cuiabá
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