segunda-feira, 25 de julho de 2011

O terrorismo da entressafra

O confinamento é uma atividade que demanda alto investimento em curto espaço de tempo. Como eu costumo dizer “é lavoura de boi, planta em maio colhe em outubro”.
Normalmente se começa a falar em confinamento apenas no meio do ano, mas as decisões são tomadas com antecedência. Hoje se compra oportunidade e a recria passou efetivamente a fazer parte da operação de uma forma estratégica. A produção ou compra - ou ambas – de insumos também é decidida com antecedência e é igualmente importante. Estas questões com maior ou menor interferência, com mais ou menos competência, estão sob a gestão do produtor. Todos esses fatores junto com as informações de mercado (mercado futuro, volume de exportações, câmbio, juros, etc) é que ajudam o produtor a tomar a melhor decisão.
Mas, ultimamente, com base nas informações que vêm da indústria, notamos uma repetição de fatos em relação ao comportamento de mercado, que tem ano após ano a intenção de derrubar os preços. Isso acontece anos após ano. E isso parece estar acontecendo novamente. Não é preciso ser vidente para garantir que todo ano a Rússia vai criar algum problema para a compra de carnes de outro país – as escalas vão estar cheias pelos primeiros dias frios, o terrorismo do mercado a termo vai ser implantado e outras tantas “desculpas”.
É muito comum o pecuarista dizer que determinadas ações são "estratégias dos frigoríficos", como se o fato da analise impedisse seus efeitos. Toda medida quando atinge seu fim foi vitoriosa, por mais previsível que possa ser. O Brasil abate em torno de 36 milhões de cabeças por ano, das quais em torno de 2,5 milhões são de confinamento.
No segundo semestre a dependência de animais confinados por parte da indústria é bastante acentuada e mesmo assim o pecuarista se submete as pressões da indústria. Não sou contra, mesmo porque seria inútil o confinamento próprio dos frigoríficos ou qualquer tipo de regulamentação nesse sentido. Da mesma forma não vejo no que seja um problema para o mercado, ou que não tenha seus benefícios para os produtores. Apenas acho que não devemos deixar nos impressionar ou convencer pela forma com que a indústria eventualmente usa das informações para criar pressão.
Quando cedemos a essa pressão, estamos na verdade criando e alimentando uma baixa real. A máxima que diz "o lucro está na compra" é totalmente real, mas devemos acrescentar que em parte também está na venda. Não concordo totalmente com a ideia que quem determina o preço é a indústria. Ela determina sim, mas fortemente calçada na reação dos pecuaristas as suas estratégias.
Usar as informações de forma adequada e as ferramentas de comercialização de forma consciente certamente vão colaborar com um mercado mais equilibrado.

FONTE: BLOG DE JOÃO LEBRON

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