segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Meteorologia confirma seca no Rio Grande do Sul em 2010


Estiagem em 2005 levou à quebra de 38 milhões de toneladas de grãos
A salvação da lavoura da safra 2010/2011 começa agora. Frente à confirmação da ocorrência do fenômeno La Niña que trará períodos de estiagem a partir do final de setembro, a dica dos especialistas é investir em prevenção, ou seja, armazenamento de água. Apesar de o País ainda não se encontrar sob as condições do fenômeno e sim em um período neutro, o comportamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial já indicam que, após um verão com El Niño, os gaúchos devem se preparar para o La Niña. "As anomalias abranjem uma área significativa e nos dão certeza de que teremos o evento", disse o meteorologista da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) Gilberto Diniz.
O especialista explica que entre o período de formação do fenômeno, que se iniciou no mês passado, e a sua real manifestação leva em torno de seis meses. "É preciso que essa tendência de resfriamento das águas do oceano se repita por pelo menos seis meses", explicou. A última vez que o Estado passou por um período de La Niña foi em 2008/2009, quando o fenômeno foi considerado de baixa intensidade, tendo refletido pouco sobre os índices de produtividade. Agora, a indicação dos meteorologistas é de que seja mais intenso. "Prezo sempre pela prevenção, então seria ideal já ir acumulando água em cisterna e açudes", argumenta a coordenadora do Centro de Meteorologia da Fepagro, Bernadete Radin.
O fenômeno prejudica com maior intensidade as lavouras de milho, soja e feijão, culturas cuja demanda hídrica é maior. No caso do arroz, Bernadete diz que o La Niña costuma ser benéfico, assim como para o trigo, pois reduz a chance de ocorrência de doenças fúngicas, e para a uva melhora o teor de açúcar do fruto. Ao fazer uma retrospectiva sobre os anos de seca mais intensa no Estado, o analista de mercado e pesquisador da Unijuí Argemiro Luis Brum lembrou do período de 2005, quando a quebra nas lavouras de soja chegou a 50% e no milho, em 60%. "Foi o que mais trouxe problemas para grãos e pastagens", recorda. De 1986 a 2006 ocorreram 10 estiagens no Rio Grande do Sul que causaram a redução de 38 milhões de toneladas de grãos nas culturas de milho e soja.
Produtor tem várias modalidades de financiamento à disposição
Quem optar pelo armazenamento de água pode usar os recursos do Programa Estadual de Irrigação. O secretário-adjunto da Secretaria Estadual de Irrigação, Mário Soares da Silva, deixa um conselho: encaminhar o pedido para licitação de cisternas e açudes o mais rápido possível. Desde 2009, o governo do Estado já investiu mais de R$ 45 milhões para o desenvolvimento do programa, com a construção de mais de 4 mil microaçudes e mil cisternas em 300 municípios.
Os produtores têm à disposição linhas de crédito para aquisição de equipamentos de irrigação com subsídio total da taxa de juros. Entre as alternativas está o Pronaf Convencional para obras de irrigação e instalações, máquinas e equipamentos novos, com financiamentos entre R$ R$ 7 mil e R$ 18 mil. Também há linha do Pronaf Eco para cisternas e barragens, com crédito entre R$ 28 mil e R$ 36 mil. Outra opção é a linha do Moderinfra, para investimentos em pivôs, com valor mínimo de R$ 10 mil e máximo de R$ 1,3 milhão.
FONTE:Jornal do Comércio
Autor: Ana Esteves

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