No mês passado, vimos o que deve ter sido o pico de preços de 2010, R$ 119,41/@ no dia 11 de novembro.
Em relação a preços, o mês passado foi marcado por preços da arroba em alta até o dia 11, em continuação ao movimento iniciado em meados de outubro. Deste dia em diante os preços recuaram 11,08% até chegar à cotação de R$ 106,18/@ no último dia 30.
Mas o que casou esta queda?
Muitos analistas apontam que este é um movimento comum do mercado, ou seja, normalmente quando os preços sobem de maneira muito intensa é esperado um reajuste. Isso realmente ocorreu, de 01 de outubro até o dia 11 de novembro, o indicador a prazo registrou uma alta de 25,73%.
Ao olhar os fundamentos do mercado podemos avaliar alguns fatores responsáveis por este movimento. Durante o mês de outubro o mercado trabalhou com ofertas bastante restritas de boi gordo. De 01 de outubro até 09 de novembro, as escalas de abate em Araçatuba/SP registraram média de 4,46 dias, mas daí em diante os frigoríficos conseguiram comprar melhor e tiveram mais força para forçar recuos nos preços ofertados aos pecuaristas.
No entanto não podemos dizer que a oferta aumentou de forma muito significativa, o sentimento geral é que essa oferta foi pontual, impulsionada principalmente pela venda de alguns pecuarista que vislumbrando um possível - e depois confirmado - recuo negociaram alguns lotes, em muitos casos vendendo inclusive animais que ainda não estavam terminados.
Isso foi sentindo inclusive no atacado da carne, um distribuidor de carne bovina que atua na grande São Paulo, comentou conosco que os animais estavam sendo abatidos muito leves. "Nós sempre trabalhamos com carcaças acima de 280 kg, mas nos últimos dias estamos recebendo com peso de até 248 kg. As carcaças estão chegando mais leves e com pior acabamento".
Outro ponto importante que deve ser observado é o movimento do mercado de carne. Veja que interessante o gráfico abaixo que mostra os preços da arroba do boi gordo em São Paulo e os preços da carne bovina no atacado.
No início do mês os preços no atacado e no varejo acompanharam as altas do boi gordo, gerando chiadeira por parte do consumidor e maior substituição da carne bovina por outras proteínas. Essa troca fica mais evidente quando observamos os preços da carne de frango que também subiram no rastro da arroba do boi.
Na segunda metade do mês a coisa se inverteu e quem passou a pressionar foram os preços da carne. É sabido que no final do mês o consumo de carne bovina fica mais frouxo, isso somado à oferta um pouco melhor tirou a sustentação dos preços da arroba.
A exportação foi outro fator baixista neste mês, os exportadores brasileiros enviaram ao exterior 55.200 toneladas de carne bovina in natura, que geraram uma receita de US$ 268,9 milhões. Em relação aos embarques realizados no mês anterior (outubro de 2010) o volume caiu 27,73% e a receita foi 22,08% menor. Na comparação com mesmo período de 2009, quando o Brasil exportou 78,7 mil toneladas, o recuo foi de 29,87%. No entanto a receita registrou retração de apenas 4,82%, evidenciando uma valorização do produto brasileiro no mercado internacional.
Olhando para frente podemos imaginar que os preços devem apresentar maior estabilidade em dezembro, já que não é esperado aumento muito grande na oferta de animais para o abate e o consumo deve se aquecer, ou pelo menos estabilizar, levando em conta que essa semana foi paga a primeira parcela do 13º salário e neste mês temos as festas de final de ano.
Reposição
A reposição não acompanhou a variação do mercado do boi gordo. O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista registrou alta de 1,52% no mês, sendo cotado a R$ 727,57/cabeça no último dia útil de novembro.
Com a desvalorização da arroba do boi gordo, a relação de troca piorou no final do mês sendo calculada a 1:2,39 no dia 30. Porém o valor médio ficou em 1:2,59 que pode ser considerado bom se comparado à média de novembro de 2009 que foi de 1:2,13.
A margem bruta na reposição - valor que sobra da operação de venda de um boi gordo de 16,5@ e compra de um bezerro desmamado e que será usado para investimentos, pagamento de contas e salários e lucro - também piorou em novembro, mas segue alta. No mês passado o valor médio da margem bruta foi de R$ 1.144,43.
FONTE: BEEFPOINT
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