quarta-feira, 3 de novembro de 2010

La Niña avança nas lavouras e falta de chuva preocupa produtores

No período de plantio da safra de verão, a falta de chuva, que deverá permanecer, preocupa produtores de arroz, soja e milho

Leila Endruweit*
Os primeiros efeitos do La Niña sentidos no arroz do Sul do Estado, que se caracteriza pela escassez de chuva, são verificados também nas lavouras de soja, especialmente na região, e nas de milho no Noroeste. Depois de uma safra recorde no Estado, a nova ameaça de estiagem está preocupando os produtores gaúchos.

> Confira como está a situação das principais lavouras do Estado

As regiões Oeste e Sul são as mais atingidas pela baixa precipitação. Segundo a meteorologista Estael Sias, da Central de Meteorologia, a situação deve perdurar durante todo o verão, como é característico em anos de La Niña.
— Novembro deve ter apenas 10 dias de chuva, e não será em grandes volumes — explica Estael.
Embora o quadro previsto de tempo seco esteja se confirmando, representantes do agronegócio afirmam que ainda é cedo para se falar em prejuízos.
— A soja semeada não está germinando. Precisa chover logo para que possa se desenvolver — afirma o gerente técnico da Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto (Cooplantio), Dirceu Gassen.
Em fase de desenvolvimento, o milho teve a aplicação de nitrogênio – nutriente essencial para o bom crescimento do cereal – prejudicada pela falta de chuva. Segundo José Ruedell, diretor da Fundacep, a chuva registrada nos últimos dias deu uma amenizada no problema nas regiões Noroeste e Missões. Reconhece, no entanto, que é difícil prever o que acontecerá nos próximos dias.
Com as sementes de arroz plantadas desde o início de outubro, produtores de Pelotas aguardam a chuva para que se inicie a germinação, conta Luiz Felipe Reschteiner, que semeou 1,2 mil hectares. Esperançoso, Reschteiner acredita que, se a chuva vier logo, será possível obter uma boa produção.

Cem horas de irrigação
Precavidos, muitos produtores já adotaram medidas preventivas para tentar amenizar as possíveis perdas. Com dois meses de antecedência em relação ao ano passado, o engenheiro agrônomo Maurício De Bortoli, está utilizando pivôs de irrigação nos 758 hectares de milho que cultiva em Cruz Alta. No ano passado, usou durante toda a safra, em média, 70 horas de irrigação. Este ano, já foram mais de cem horas até o momento.
— Não arriscamos mais plantar milho sem irrigação — diz De Bortoli.
Atento ao milho que, graças a irrigação vai bem, De Bortoli planeja o plantio da soja. Dos cerca de 5 mil hectares que a empresa da família cultiva, 1,5 mil hectares já foram semeados. Porém, se não chover até sexta-feira, as máquinas serão recolhidas ao galpão, no aguardo da chuva.
*Colaborou Sancler Ebert

FONTE: ZERO HORA

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