Preenchimento da GTA permite a omissão da procedência do animal.
Proprietários de fazendas habilitadas na lista Traces em Mato Grosso do Sul organizaram-se para evitar que os frigoríficos que não pagam o ágio pelo diferencial exportem a carne para a União Européia.
Instrução de Serviço nº 005/2010 emitida pela Iagro, Agência Estadual de Defesa e Saúde Animal de MS, informa aos proprietários de fazendas da lista Traces que não queiram que os animais provenientes destas áreas sejam exportados para a União Européia para que solicitem à Unidade Veterinária Local, emitente da GTA, Guia de Trânsito Animal, que não acresça ao campo 17 da mesma, a informação referente ao ingresso de animais provenientes de áreas não habilitadas.
"Os proprietários das fazendas habilitadas no Mato Grosso do Sul sentiam-se lesados com o não pagamento do ágio pela carne rastreada e pediram a intervenção do Estado", afirmou José Mário Pinese, gerente de inspeção e defesa sanitária animal da Iagro/MS. A Comissão da Lista Traces, nome provisório do grupo que representa as fazendas habilitadas, e o sindicato rural de Campo Grande, iniciaram as negociações com membros da Iagro e do Ministério da Agricultura em agosto deste ano. A medida entrou em vigor no dia 4 de outubro.
"Os frigoríficos não pagavam o diferencial afirmando que não estavam exportando, mas soubemos de indústrias que venderam para a União Européia. Essa foi uma maneira que encontramos para barrar esse tipo de abuso", afirmou Thiago Milan, vice presidente da comissão.
Atualmente 284 fazendas no Mato Grosso do Sul estão na lista Traces, e, mais da metade delas já tem usado a GTA para impedir a exportação para a União Européia. "Agora nós decidimos se a carne será exportada ou não" comemora Regina Silveira dos Santos, presidente da comissão. De acordo com Regina, os custos para atender às exigências do Sisbov são altos e não era justo ficar sem receber nada por isso. "Antes, quando vendíamos os animais a GTA já apontava, automaticamente, que eram da lista Traces, e o frigorífico não se sentia pressionado a pagar pelo diferencial", diz a pecuarista. "O Mapa nos informou que o preenchimento do campo 17 na GTA era facultativo e os técnicos da Iagro fizeram as alterações no sistema para que pudéssemos optar por declarar ou não a procedência do animal", disse.
Agora o grupo se organiza para estabelecer um piso a ser pago pelos frigoríficos pelo diferencial da carne rastreada. Entre as alternativas estão: a formação de blocos para ofertar um número maior de animais por um ágio pré estabelecido durante um período; a formalização de contratos trimestrais; e a utilização do índice Esalq, que acompanha o preço da arroba em SP, tradicionalmente R$ 5 a R$ 10 acima do preço praticado em MS, como base para o boi Europa.
Fonte: Portal DBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário