sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A picanha está cara? Troque pelo bacalhau

Pedaços nobres de carne bovina estão disputando a preferência dos consumidores com alguns pescados mais refinados
O churrasco está caminhando para o hall das carnes nobres. Com o preço em alta, a carne bovina disputa mercado com pratos mais refinados. Um bom pedaço de picanha pode custar mais do que pescados como salmão e o bacalhau.
Após a disparada nos preços da carne bovina em 2010, os valores se estabilizaram neste início de ano. No ano passado, a seca nas regiões produtoras e o consumo aquecido para as festas foram apontados como justificativas para o reajuste. Agora, segundo o presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Adriano Manoel dos Santos, os preços e a demanda se estabilizaram.
Ontem, em pesquisa em seis supermercados da Grande Florianópolis – Angeloni, Bistek, Comper, Giassi, Hippo e Imperatriz, a reportagem do Diário Catarinense confirmou a concorrência acirrada do corte da picanha com os pescados nobres (veja preços acima). O quilo mais caro do bacalhau é vendido por R$ 59,98, apenas R$ 2,83 a mais do que o preço mais alto da picanha (R$ 57,15). Em alguns estabelecimentos, a picanha chega a ultrapassar o preço dos pescados nobres.
Zefiro Giassi, dono da rede de supermercados Giassi, diz que é comum que o preço da picanha ultrapasse o dos peixes nobres em dezembro. Mas ele afirma que o corte nunca esteve tão caro como no ano passado. No fim de 2010, segundo ele, a picanha custava R$ 40, em média, nos supermercados. Agora, o preço começa a cair em relação a dezembro, porque a procura pela carne está diminuindo muito em função do custo elevado.
O empresário Beto Barreiros, dono restaurante Box 32, lembra que o bacalhau, além de mais barato do que a picanha em alguns mercados, tem um rendimento maior do que a carne bovina. E o salmão é, ainda, uma opção mais saudável, defende.
– O brasileiro é muito carnívoro, prefere os cortes nobres de carnes vermelhas. Essa mudança nos preços é uma oportunidade para trocar esse foco e descobrir os pescados. Os cortes bovinos de segunda também são uma opção a ser descoberta. Sendo bem preparados, eles ficam macios e saborosos – afirma.
Barreiros reconhece que os preços em alta da carne bovina refletem diretamente no cardápio dos restaurantes. E o cliente nem sempre se mostra compreensível. O presidente da regional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em SC, Fábio Queiroz, confirma que o reajuste foi repassado para o consumidor, mas diz que não na mesma proporção que chegou aos restaurantes.
– A carne bovina foi a maior vilã no aumento dos preços dos últimos meses – reclama.
A maior demanda por cortes nobres, diante do ganho do poder de compra do brasileiro, é apontado por Queiroz como um dos fatores que impulsionam os preços para cima.
– Com mais dinheiro, o brasileiro está comendo mais carne. E mais carnes nobres. Mas com os preços em alta, neste verão já percebemos uma procura maior pelos pescados em relação ao ano passado – acrescenta.

FONTE: DIÁRIO CATARINENSE

Nenhum comentário: