Rogério Goulart, administrador de empresas, pecuarista e editor da Carta Pecuáriacartapecuaria@gmail.com Reprodução permitida desde que citada a fonte |
Diferencial de Base na pecuária é o desconto no preço da arroba fora de São Paulo. Repare abaixo que esse desconto ora foi maior, ora menor, ao longo desse ciclo pecuário iniciado em 2006. O diferencial de base oscilou entre –14% e –7% ao longo desses últimos anos. Repare que esse desconto oscila lentamente entre os extremos. Quero dizer, quando está baixo, lentamente ele vai subindo até atingir o pico. Daí começa a cair de novo. Agora enquanto conversamos estamos completando o movimento que começou lá em baixo no final de 2010 com o desconto ao redor de –14% e atualmente o desconto está em –8%. Eventualmente ele voltará a cair daqui a uns meses, o que significa que os frigoríficos voltarão a ter bois com mais facilidade fora de São Paulo do que possuem hoje. Isso significa alguma coisa para os preços da arroba? Não, caro leitor. O diferencial de base não nos diz nada se a arroba vai subir ou cair. O que ele indica de prático é a base de cálculo para o desconto que o pecuarista deve fazer, ao negociar na bolsa, da arroba de SP para o seu estado. Sendo assim, como a média está para virar daqui a pouco, seria bom ele colocar nas suas contas um desconto mais conservador. Por exemplo, o desconto de Goiás, se foi ao redor de 10% sobre SP, pode trabalhar com 11% esse ano. Seguindo em frente, vamos dar uma comparada na evolução dos preços da arroba do boi e da arroba do bezerro. A relação dos dois é o cerne da pecuária, no sentido que o bezerro é o início da produção e o boi gordo é o final. Ou seja, se você quer ver o futuro do boi, basta olhar para quanto está valendo a arroba do bezerro. Qual a razão de olhar o bezerro? Bom, a coisa mais prática para olhar a arroba do bezerro, é dizer para onde o boi vai. O boi tende a encostar, beliscar, por assim dizer, a arroba do bezerro nas entressafras. Quando digo beliscar, digo o boi sobe de preço e fica em uma janela de desconto entre zero e 5% do preço do bezerro. Nem todo ano isso ocorre, mas todo ano a gente tem que ficar de olho nessa relação. Observe a seguir o que eu estava falando. O boi, em verde, encostando no bezerro, em laranja. Repare ao longo dos anos como o boi andou próximo ao bezerro até a crise de 2008. Depois disso tivemos uma beliscada no final de 2010 e novamente uma afastada nos preços. Acredito que eventualmente essas duas arrobas novamente andarão mais próximas com o aumento na oferta gradual de animais de reposição. Aliás, esse negócio de reposição é uma coisa engraçada. Nesse movimento de queda do boi gordo desses últimos meses, ficou relativamente fácil comprar boi magro. O cidadão dava prazo, dava aparte, vinha no seu preço... Algo que não tínhamos nem víamos acontecer faz bastante tempo, diga-se de passagem. Posso estar enganado, mas o que estamos vendo nos gráficos como esses que coloquei aqui hoje sugerem aumento na oferta da reposição, estamos conseguindo ver na prática no nosso dia a dia. Se for isso mesmo, e parece que é, isso é um alívio e tanto para o custo de produção daqui para frente. Sabemos que o principal custo de um boi gordo é o próprio animal. Se esse animal está ficando mais acessível, os custos, que nesse último trimestre foram os mais altos que tenho anotado, poderão novamente dar uma folga nas margens. Como dizem os goianos: “Bão demais.” FONTE: CARTA PECUÁRIA |
domingo, 8 de abril de 2012
Entressafra, quando o boi quer beliscar o bezerro!
Postado por
Eduardo Lund / Lund Negócios
às
15:52
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