quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pecuária: O efeito da ampliação da escala de produção nos custos

JOSÉ VICENTE FERRAZ
ESPECIAL PARA A FOLHA
A crescente competição pelo mercado obriga que as cadeias produtivas se empenhem permanentemente na redução dos custos de produção. Oferecer preços menores ao consumidor é fundamental para não perder espaço para outras opções.
Ganhos de produtividade são intensamente perseguidos pelos produtores, seja por meio de adoção de novas tecnologias ou redução de perdas.
O ganho na escala de produção, muito especialmente na bovinocultura de corte, é provavelmente a estratégia de redução dos custos de produção de maior eficiência e de relativamente mais fácil adoção pelo produtor.
Ao ampliar a escala de produção, os custos fixos se diluem, trazendo sensível economia para o produtor.
Até mesmo os custos variáveis podem cair, na medida em que o poder de negociação do produtor com os seus fornecedores aumenta consideravelmente e crescem os volumes de insumos que ele adquire no mercado.
O crescimento da escala pode favorecer o produtor também na venda do boi gordo, pois ele ganha poder de barganha na transação com os frigoríficos quando possui volumes maiores de animais para ofertar.
AUTOMATIZAÇÃO
Os limites do aumento da escala de produção na atividade pecuária -com a moderna tecnologia de automatização que propicia ganhos de produtividade da mão de obra- foram brutalmente alargados, a ponto de, na atualidade, quase não mais existirem.
A redução dos custos de produção na bovinocultura de corte ocorre tanto nas formas intensivas -quando o crescimento se dá via ganho de produtividade sobre os fatores de produção- como nas formas extensivas, quando o crescimento ocorre via aumento do tamanho da unidade de produção.
Nesse sentido, algumas das mais importantes transformações que ocorreram nos últimos anos na atividade pecuária podem ser explicadas.
Os grandes confinamentos, que há 20 anos tinham capacidade para 10 mil cabeças, hoje possuem 100 mil ou mais -as propriedades extensivas com rebanho menor que 500 cabeças cada vez mais se aproximam da inviabilidade econômica.
Para o consumidor final, o aumento da escala de produção pode resultar no consumo de um produto mais barato. Para o país, traz a possibilidade de ampliar mercados, pois muitos concorrentes não dispõem da alternativa de ampliar a escala via aumento de área.
Para produtores, o desafio é o de gerir uma atividade maior e, portanto, mais complexa e de maior risco. E, para a tecnologia, lança o desafio de criar alternativas economicamente competitivas que impeçam a marginalização econômica dos pequenos produtores.

JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro agrônomo e diretor técnico da AgraFNP.
FONTE: Folha de São Paulo

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