Preços em alta, menos consumo interno, dificuldades para exportar, fechamento de frigoríficos. Esse tem sido o noticiário da indústria de carnes na Argentina, que vive uma de suas piores crises na história. O rebanho nacional caiu de 59 milhões para 48 milhões de cabeças nos últimos quatro anos.
A intervenção oficial em 2006, quando o ex-presidente Néstor Kirchner fechou as exportações numa tentativa de despejar carne barata no mercado interno, é tida como uma espécie de marco zero da crise. Mas ela só se agravou com a estiagem de 2008/09, a maior em quase 75 anos. Com o excesso de regulação, inúmeros pecuaristas migraram para a produção de soja.
Segundo a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados da República Argentina (Ciccra), o preço da carne subiu 140% desde 2009, em média. No período, 38 frigoríficos deixaram de funcionar e 16.550 postos de trabalho foram perdidos. O consumo per capita, que era 69 quilos por ano, caiu para 55. Hoje, a Argentina passou o título de país mais carnívoro do mundo ao Uruguai e consome menos por habitante do que consumia há dez anos, no auge de sua crise econômica.
Em abril, segundo a Ciccra, o abate diminuiu 16,4% sobre igual período de 2010 e registrou o quarto pior desempenho mensal desde 1980. Houve aumento da produção de frango e de carne suína, mas incapaz de substituir a queda no consumo de carne bovina. Para a entidade, o processo de recuperação do rebanho vai demorar até dez anos.
A boa notícia é que a morte de fêmeas voltou para perto de 40% do total de abates, interrompendo a "liquidação de ventres", que durou 36 meses. Isso inflou artificialmente os índices de produção em 2009, por exemplo, quando as vacas representaram mais de 50% dos abates. É um fenômeno que antecipa quedas futuras de produção, com o nascimento de menos bezerros e a saída para outras atividades.
Fonte: Valor Econômico
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