quarta-feira, 6 de julho de 2011

Crise no mercado de carnes da Argentina abre mercados ao Uruguai

O Uruguai tem um espaço enorme para crescer em exportações e deve aproveitar o espaço deixado pela Argentina e o estancamento do Brasil, disse o analista argentino, Ignacio Iriarte.

O mercado mundial de carnes não tem problemas de demanda, disse ele. "Teve um salto extraordinário nos preços que durou três ou quatro anos e, nas últimas semanas, parece que está tomando um respiro. Em cinco anos, triplicaram os valores internacionais da carne e hoje seguem sendo valores excepcionais".

Porém, o grande problema dos países sul-americanos hoje é uma moeda fortemente valorizada e os preços muito altos dos animais. Para Iriarte, essa é a situação de hoje. "Os preços sul-americanos estão estancados em matéria de exportações (não podem subir)".

Para ele, o Uruguai tem um espaço enorme para crescer no mercado mundial, deixado pela Argentina e pelo estancamento brasileiro. "O Uruguai não tem problemas de demanda. O problema é que a carne no mercado local vale mais que no resto do mundo e, como tem pouco gado (abate menos), o saldo exportável é cada vez menor".

Segundo Iriarte, dá a impressão que "a somatória dos volumes de carne para exportar dos quatro países do Mercosul (Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil) alcançaram um teto já a três ou quatro anos e custa muito ter saldos exportáveis mais importantes".

Não há problema de demanda a nível internacional e, no caso do Mercosul, temos um problema de oferta e temos um mercado interno em todos os países muito pujante. Na América do Sul, o consumidor precisa somente de mais renda para comer carne, tem hábitos de consumo por toda a vida e não precisa de campanhas para aumentar o consumo. "A América do Sul seguirá crescendo em produto bruto per capita. A mensagem é: não contem conosco como grandes exportadores nos próximos anos".

Iriarte considerou que na América do Sul seguirá crescendo o produto bruto per capita e o consumo de carne no mercado interno continuará em alta. Ele estimou preços firmes para o gado em toda a região para o segundo semestre do ano. "Dá a impressão, da forma como vem o inverno e pelas baixas nos abates, que os preços do gado seguirão altos. No segundo semestre, haverá menos gado e preços mais firmes para o gado". Segundo ele, o preço da carne deu uma reduzida nas últimas semanas. A Europa está demandando e a Rússia, através das restrições impostas a frigoríficos brasileiros, precisará de carne. "Na Argentina, o consumo interno pode manter os valores altos pelo gado e, no Uruguai, eu quero ver, porque depende mais do mercado internacional". Atualmente, a carne uruguaia no mercado internacional é vendida a preços acima dos da carne australiana e no mesmo nível dos preços dos Estados Unidos.

Nos últimos quatro anos, a Argentina liquidou 12 milhões de cabeças bovinas, número similar ao de todo o estoque bovino uruguaio, disse Iriarte. Isso fez com que, novamente, esse país não pudesse cumprir com a cota Hilton, pois teve uma falta de 2.000 toneladas. A falta de gado - problema que também sofre o Uruguai - provocou uma crise na indústria frigorífica. "Hoje, 20% dos frigoríficos estão fechados e a indústria teve que reduzir a mesma porcentagem de empregados, já que atualmente, a maioria dos estabelecimentos trabalha a perda ou sai empatado".

FONTE: El País Digital, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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