A recuperação do mercado do boi gordo, com sucessivas altas em todos os elos da cadeia, já virou destaque na mídia. Desde o início do ano a alta acumulada foi de 17,6% para o boi gordo e 18,2% para a carne no atacado. Até o bezerro – cuja queda era esperada com o crescente investimento em cria nos últimos anos – acumula alta de 11,1% no ano, com queda de apenas 1,8% em agosto.
O movimento de alta teve início em dezembro de 2009 e já em março deste ano as cotações superavam as registradas em 2008 e 2009. Vale lembrar que a força de alta observada em 2008 teve início a partir de maio, registrando o preço máximo histórico de R$ 94,41/@ em junho e entre junho e agosto era o patamar mais alto do período analisado (2008 a 2010).
O preço do boi gordo no último dia do mês passado, entretanto, foi de R$ 92,23/@, quase R$ 2,00/@ acima do registrado nos últimos anos. O que isso quer dizer? Que atingimos o patamar pré-crise, confirmando boa recuperação da demanda por carne bovina e a baixa oferta de gado para abate, que tem sido o principal driver do ano. A comparação com 2008 é interessante, porque até o início da crise era possível observar certa euforia no mercado, semelhante ao que acontece hoje. Não será uma luz amarela no mercado?
Por outro lado, essa condição de baixa oferta deu espaço para as altas observadas. O ritmo foi maior para o boi e para a carcaça no atacado, enquanto o repasse ocorreu de maneira mais lenta para a carne sem osso no atacado e varejo. Os dados preliminares do varejo indicam alta acumulada no ano de 11,5% (Dieese), bem abaixo do registrado para os outros elos.
Um dos motivos é o receio quanto à capacidade de absorção das altas pela população, além da possibilidade de deslocamento do consumo para outras proteínas mais baratas. A carne de frango, que reagiu 1,8% no último mês no atacado, está estável em relação ao início do ano no varejo. A carne suína, por sua vez, já acumula alta de 7,9% no atacado desde o início do ano, mas no varejo recuou 2,5%.
A alta no preço do boi foi repassada em escala menor para o varejo, que reduziu sua margem de rentabilidade, entretanto, essa condição não deve durar no longo prazo e a alta no varejo pode limitar o consumo.
FONTE: www.agroblog.com.br / autor LEONARDO ALENCAR
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