O abate excessivo de fêmeas, há cerca de três anos, é a principal causa da falta de gado para atender à demanda de carne neste período de entressafra. A afirmação é do presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, justificando a escassez de oferta de gado, o que vem gerando elevação na cotação da arroba e o aumento do preço da carne no varejo.
Quem mais sente o efeito da redução na oferta é o consumidor. Enquanto o valor da arroba do boi pago ao produtor teve um aumento de 5,95% em Mato Grosso do Sul, ficando em torno dos R$ 84 esta semana, a carne está chegando até o consumidor sul-mato-grossense em média 20% mais cara. E segundo Nogueira, não há previsão para que o cenário mude em relação à falta de boi para o abate. Mesmo que a variação na oferta de gado seja cíclica, serão necessários outros quatro ou cinco anos para recuperar patamares já atingidos na reserva de gado. O rebanho nacional, que chegou a cerca de 206 milhões de cabeças há cinco anos, fica hoje em torno de 180 milhões de cabeças, calcula.
“O percentual de abate de fêmeas chegou a 47% há cinco anos, sendo que atualmente fica em torno de 27%”, compara, justificando que o produtor foi levado a se desfazer das matrizes para compensar a pior crise vivida pelo setor em 50 anos. Para o dirigente, a recuperação será em longo prazo e passa pela criação de linhas específicas de crédito voltadas para a retenção de matrizes.
A justificativa que chega até o consumidor para a falta de gado na entressafra é a de que o produtor está segurando gado no pasto. O médico veterinário do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS), Horácio Tinoco, ressalta que com a estiagem, fica difícil manter o gado com o pasto seco. Para Tinoco, um dos fatores que contribuem para a escassez de oferta neste período são os custos de produção, que inviabilizam a manutenção do rebanho confinado. “O produtor rural faz a conta sobre a viabilidade de deixar o gado confinado durante a estiagem, que normalmente dura de três a quatro meses. Se ele entende que não compensa, não confina”, assegura.
Levantamento realizado pela Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) em julho desse ano com confinadores de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Bahia indicam que a retração no rebanho confinado em 2010 deverá ficar em 8,8% se comparado a 2009. A queda é mais acentuada do que os 5,8% levantados pela entidade em pesquisa anterior.
Mas há fatores relacionados à demanda que contribuem para a defasagem de oferta. A assessora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Adriana Mascarenhas, aponta o aumento nas exportações e o aumento no consumo de carne devido à recuperação da economia. O cenário pode se intensificar com a chegada das festas de final de ano. Para Adriana, o quadro de escassez de gado para abate poderá ser agravado também se confirmadas as previsões de estiagem prolongada no segundo semestre, conseqüência do fenômeno La Ninã. “Por aí se percebe que o argumento de segurar boi no pasto não procede. Simplesmente porque não há pasto”, enfatizou.
As informações são da assessoria de imprensa da Famasul/Senar-MS.
FONTE: Agrolink
Um comentário:
É terrível quando existe escassez na parte da alimentação, porque depois os preços aumentam muito.
Igualmente, em cardiologia em porto alegre me aconselharam não consumir tanta carne...
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