quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Boi: velocista ou maratonista?

A alta quase que constante nos preços do boi gordo desde o final de 2009 começa a preocupar outros setores, em parte devido à velocidade que ocorreu. O temor sobre uma possível inflação dos alimentos ou agroinflação virou tema recorrente no noticiário econômico, sobretudo devido ao consumo elevado de carne bovina pela população brasileira. O consumo per capita atual é estimado em 35,4 kg/habitante/ano, abaixo dos principais carnívoros (Uruguai e Argentina), mas acima de inúmeros países desenvolvidos (Canadá, Austrália, União Europeia). A preocupação, portanto, é válida.
Entre janeiro e agosto deste ano, a carne bovina acumulou alta de 18,2% no atacado, enquanto a carne suína reagiu 7,9% e a carne de frango registrou queda de 5,0%. No mesmo período, a carne bovina no varejo registrou alta de 2,3%, mas tanto a carne suína (-6,2%) quanto de frango (-12,2%) recuaram de maneira expressiva.
Em setembro esse movimento sinalizou reversão, com alta de 5,5% para a carne suína e 17,3% para a carne de frango. Entretanto, apesar do reajuste, o diferencial entre as proteínas em comparação com a carne bovina permanece elevado. O diferencial entre carne bovina e carne de frango entre 2001 e 2009 é de 1,56, mas neste ano subiu para 2,81, com aumento de 80%. Para a carne suína, a média histórica ficou em 0,25, enquanto em 2010 está em 1,01, ou seja, 302% acima.
A recuperação econômica e o aumento do poder aquisitivo, com mobilidade entre as classes sociais e mudança dos padrões de consumo, reduz o risco de queda no consumo frente às sucessivas altas. De acordo com estudo recente da LCA Consultores, a carne bovina pode subir mais 6,5% até o final do ano com baixo impacto no poder de compra do consumidor final.
No longo prazo existe a preocupação quanto à possível elitização do consumo de carne bovina, devido a inúmeros fatores, como ciclo produtivo mais longo, maior dificuldade na aplicação de tecnologia e pressão para redução de área do lado dos ambientalistas. No curto prazo, entretanto, o mercado confirma que ainda têm fôlego e o sprint final pode não ter ocorrido ainda.

FONTE: www.agroblog.com.br / AUTOR LEONARDO ALENCAR

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