sexta-feira, 24 de setembro de 2010

LA NIÑA


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Sob La Niña, estação terá pouca chuva


O prognóstico da meteorologia para a primavera, que começou à 0h09 de ontem (23), é preocupante para a agricultura, em especial a produção de tabaco. Sob influência do La Niña – caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico na região equatorial –, a estação terá chuvas irregulares e abaixo da média, não se descartando o risco de estiagem no decorrer do verão. O fenômeno deverá ser um dos mais significativos das últimas décadas.

De acordo com boletim divulgado ontem pela MetSul Meteorologia, mais do que a provável escassez de chuva é o risco acentuado do aumento dos casos de granizo que preocupa os fumicultores. Uma granizada na metade da primavera, por exemplo, pode representar perdas significativas em uma plantação. De acordo com a MetSul, dados do setor do tabaco comprovam que em anos de La Niña os danos por granizo tendem a ser maiores.

É que, segundo os meteorologistas, quando ocorre o resfriamento das águas do Pacífico o número de temporais no Estado diminui. Os que ocorrem, no entanto, tendem a ser mais intensos. A primavera de 2007, quando a estação tinha as mesmas características da que começa hoje, foi marcada por intensas tempestades de vento e granizo principalmente no Noroeste gaúcho. Chuvas em grandes volumes em pequenas áreas podem ser comuns.

Na safra 2007/2008 a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) pagou a maior volume de auxílios até então dentro de seu programa de mutualidade, em operação há mais de cinco décadas. Foram mais de R$ 90 milhões, sendo R$ 82 milhões relativos a danos provocados por granizo nas plantações. Nos três estados do Sul o município mais atingido pelas tempestades naquele ano foi Vidal Ramos (SC). No Estado, os maiores prejuízos foram em Arroio do Tigre.

Além dos temporais mais intensos, a primavera sob influência do fenômeno La Niña pode registrar tornados no Rio Grande do Sul. A meteorologia lembra que o mais intenso verificado até hoje foi em outubro de 2000 na região de Viamão. O prognóstico divulgado ontem pela MetSul informa ainda que é muito comum a formação noturna de nuvens muito carregadas, o que provoca chuva forte e temporais, principalmente devido às baixas pressões atmosféricas.

Entre outubro e novembro os gaúchos ainda poderão enfrentar pequenas ondas de frio, inclusive com o risco de geadas tardias, outra consequência do La Niña. A partir de novembro, no entanto, as características se aproximam das do verão e os temporais de fim de tarde se tornam frequentes. Este ano as chuvas de verão poderão vir acompanhadas de ventos fortes e granizo.

Ventos fortes

Os temporais registrados ontem nas regiões Norte, Noroeste e Metropolitana do Rio Grande do Sul deixaram pelo menos 12 mil clientes da RGE e da AES Sul sem luz até o começo da noite. Em Santo Angelo o vento e a chuva destelharam casas. Não houve feridos. Na Fronteira Oeste um raio matou quatro vacas que estavam no pasto. Em Santa Cruz do Sul havia chovido 14 milímetros até o fim da tarde. Às 2h40 as rajadas de vento chegaram a 62 quilômetros por hora no Centro. A Defesa Civil não registrou prejuízos.

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