Quais os efeitos para a pecuária australiana e mundial?
As chuvas prejudicaram os embarques, o que, com demanda firme, poderia causar elevação dos preços. Em janeiro os preços subiram 3,5% entre o dia 10 e 18 de janeiro, segundo o EYCI (Indicador de Preços de Gado Jovem, que inclui animais para reposição).
Em um segundo momento, houve a desova dos animais das regiões alagadas, o que causou queda de preços (figura 1).
Na figura 1 encontra-se a evolução do EYCI, indicador elaborado pelo MLA (Meat and Livestock Australia), com base nos preços dos estados do leste australiano.
O volume médio diário de animais comercializados em janeiro foi de 18,19 mil cabeças, 90,1% superior à média em janeiro de 2010. O nível de comercialização em janeiro foi inédito na região.
Na figura 2 estão as médias de comercialização diária em janeiro de cada ano.
Em relação à média do período analisado, a comercialização em janeiro de 2011 foi 52,8% maior.
Em termos de abates, segundo dados do MLA, os de janeiro caíram 18% na comparação com o mesmo período do ano anterior, ficando 11% abaixo da média de abates de janeiro dos últimos cinco anos.
Nas regiões mais afetadas pelas chuvas, a queda dos abates de bovinos chegou a 30% em relação aos níveis de 2010.
Brasil e Austrália atendem mercados diferentes, o que diminui o impacto, da menor produção desse país.
No ciclo 2009/2010, segundo o Departamento de Relações Internacionais e Comércio (Department of Foreign Affairs and Trade) 75% da receita com exportações de carnes in natura da Austrália foi obtida das vendas para os Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul, mercados não atendidos pelo Brasil devido ao status sanitário em relação à febre aftosa.
Adicionando aos destinos Indonésia e Taiwan, que também não importam carne brasileira, a representatividade chega a 83,2% da receita com exportações de carne in natura australiana.
A Austrália exporta carne para mais de 100 países, segundo o MLA. Em alguns mercados, concorrem com o Brasil, como no Oriente Médio, para onde se destina boa parte dos embarques brasileiros. Mas este mercado representou apenas 2,3% das exportações australianas, em receita, em 2009/2010.
A pecuária australiana deve sofrer com os danos em infraestrutura que ocorreram, embora seja cedo para dizer se isso acontecerá. A diminuição na produção australiana tende a ser benéfica para o Brasil, embora os mercados atendidos sejam potencialmente diferentes.
FONTE: SCOT CONSULTORIA
AUTOR HYBERVILLE NETO
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