Seca causa perdas de 30% na produção pecuária do Estado
Ana Esteves
A estiagem que desde agosto castiga o Estado gerou prejuízos severos na pecuária de corte gaúcha. Um levantamento divulgado pela Emater aponta perdas que ultrapassam 30% na produção do setor, em municípios como Bagé, Lavras do Sul e Dom Pedrito. O clima desfavorável na região da Campanha e parte da zona Sul do Rio Grande do Sul também deve ter reflexos a médio prazo no que se refere à produção de terneiros, que, de acordo com o informe conjuntural da Emater, pode ter queda de até 50% na primavera, ou 150 mil animais a menos, o que representa prejuízo de R$ 90 milhões.
Nos locais mais atingidos pela estiagem, o estado geral do rebanho é considerado razoável, mas os animais seguem perdendo peso. Já nas demais regiões do Rio Grande do Sul, a situação é considerada satisfatória e normal. "As vacas estão desnutridas e por isso não fazem cio, inviabilizando o entoure", explicou o gerente regional do escritório da Emater, em Bagé, Erone Londero.
Outra preocupação se refere à redução da oferta de pasto durante o inverno, uma vez que o mesmo já se encontra reduzido em função da falta de chuvas. "Estamos prevendo grande mortandade de animais no inverno, já que a alimentação tem o pasto como base, sem confinamento", alerta Londero.
A orientação da Emater é de que os produtores plantem aveia para ter pasto no inverno por se tratar de uma cultura de rápido crescimento. O especialista disse que muitos produtores estão tentando vender o gado magro para criadores de outras regiões, mas sem muito sucesso, "Alguns pecuaristas compram, mas são poucos, pois não compensa pelo frete", relata.
O quadro está provocando uma redução na oferta de animais para o abate, que também chega a 30%. O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs), Ronei Lauxen, diz que os reflexos da estiagem trazem desânimo para o setor justamente em um período em que vinha sendo de retomada pela indústria. "Tivemos um 2010 excelente em termos de abates e agora queda num comparativo com os últimos seis meses", informa Lauxen. A expectativa é de que, a partir da segunda quinzena de fevereiro, a situação comece a melhorar.
Mesmo assim, se mantêm os reflexos negativos a longo prazo, pela expectativa de redução no número de terneiros. O presidente se disse apreensivo sobre a possibilidade de os produtores voltarem a exportar gado em pé, prática que em 2010 movimentou o mercado no Estado. "Trata-se de uma preocupação constante numa situação como a atual, quando falta gado para abate." No ano passado, foram realizados três embarques de animais vivos para o exterior, especialmente por produtores que buscavam melhor remuneração.
OIE reconhece área de fronteira como livre de aftosa
A região de fronteira entre Argentina, Brasil, Bolívia e Paraguai recuperou o status de livre de febre aftosa com vacinação, segundo informou ontem o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina. A medida foi comunicada pelo diretor-geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, por sua antiga sigla), Bernard Vallat, ao presidente do Senasa, Jorge Amaya, por meio de uma nota enviada de Paris, segundo informou o organismo argentino.
A decisão, segundo a nota, diz respeito à região denominada de "alta vigilância da fronteira norte" da Argentina, compreendida pela Bolívia, Brasil e Paraguai. Os quatro países apresentaram o pedido à OIE no marco do Comitê Veterinário Permanente do Cone Sul (CVP), que busca integrar os programas sanitários entre os vizinhos. A nota esclarece que a decisão entrou em vigor no dia 4 de fevereiro, após reunião realizada pela Comissão Científica da OIE, entre os dias 1 a 4 desse mês.
FONTE: JORNAL DO COMÉRCIO
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