terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Correlação do preço do boi com outros produtos e derivados

Acompanhar o preço do boi gordo para entender o comportamento do mercado ajuda no planejamento estratégico das atividades pecuárias.
Ajuda também a entender o mercado de outros produtos e derivados relacionados com o boi gordo, como couro, sebo e outros.
Analisamos uma série diária de preços desde 2003 para verificar qual a correlação do preço do boi gordo dentre as praças pecuárias e qual a correlação dos preços do boi gordo com a carne bovina, da carne bovina com as principais proteínas concorrentes, e do boi gordo com os subprodutos e derivados.
Quanto mais próximo do valor um, maior a correlação, sendo que valores negativos indicam comportamento contrário dos mercados analisados.
Boi gordo: São Paulo e outras praças
A correlação dos preços do boi gordo em São Paulo com as outras praças pecuárias é muito grande, beirando 0,98 para a maioria delas.
Veja na figura 1 a correlação dos preços entre as praças, analisando uma série de preços desde 2003.


Paraná, Mato Grosso do Sul, Triângulo Mineiro e Goiás possuem mercado com variações muito próximas às de São Paulo, principalmente porque os frigoríficos paulistas compram frequentemente animais dessas regiões, impactando diretamente no comportamento de mercado nestas praças, tornando-os semelhantes.
Já os preços do boi gordo no Mato Grosso, Rondônia, Tocantins e Pará, mesmo tendo relação muito próxima à cotação do gado em São Paulo (correlação próxima de 0,98) possuem um comportamento ligeiramente diferente.
Mesmo as cotações do Rio Grande do Sul, as de menor correlação comparativa, ainda possuem semelhança com o mercado paulista, visto que a correlação ficou próxima de 0,91.
Dentre as praças analisadas, somente os preços em Alagoas não apresentam grande semelhança com os preços de São Paulo. Neste caso, é possível considerar que são mercados cuja correlação de preços é a menor das praças pecuárias brasileiras.
Boi gordo, couro e sebo
Analisando os preços do boi gordo e as cotações do couro e sebo, temos uma correlação mais forte entre o comportamento dos preços do boi gordo e sebo do que do boi gordo e couro verde. Veja na tabela 1.


A possibilidade do preço do sebo variar conforme varia o preço do boi gordo é muito maior que o couro. Mesmo porque o preço do couro tem correlação negativa com o preço do boi gordo, e em valor muito baixo.
Portanto, é possível dizer que não existe correlação entre o preço do couro verde e do boi gordo. São mercados independentes na análise de preços.
Boi gordo, couro, sebo e dólar
Analisando as correlações entre os preços do boi gordo, do couro e do sebo na comparação com o dólar, temos novamente um quadro sem correlação, com valores negativos neste caso.
O dólar tem correlação negativa com os preços do boi gordo, do couro e do sebo, mas ainda assim em valores muito baixos para serem considerados mercados correlacionados.


O resultado negativo na correlação indica que enquanto um mercado oscila para cima, o outro oscila para baixo, mas nesta análise (dólar com boi gordo, couro e sebo), não existe correlação.
Portanto, não é possível indicar que uma variação no valor do dólar possa provocar alguma alteração no preço do boi gordo, do couro ou do sebo.
Carne bovina com frango e suíno
Os preços do traseiro e do dianteiro bovino têm comportamentos semelhantes, com correlação de 0,88.
Quando o preço do traseiro sobe, por exemplo, existe grande possibilidade do preço do dianteiro também subir.
Mas a correlação entre o preço do traseiro e do frango também é grande, chegando a 0,84 (bem próxima à correlação com o dianteiro de 0,88). Já a correlação com o suíno é menor (0,69).


A carne bovina e carne de frango são concorrentes mais próximos que a carne bovina e suína, por isso comportamento mais semelhante de preços.
Analisando os valores do dianteiro bovino e das proteínas concorrentes, temos uma correlação igual para a carne suína (baixa, em torno de 0,69) e uma correlação de 0,78 para a carne de frango. Veja a figura 3.


Portanto, existe maior correlação entre os preços do traseiro bovino e frango do que entre o dianteiro e o frango (entre 2003 e janeiro de 2011).
Pode ser um indício de que a população tem aumentado a sua preferência por carne de frango e esta tem concorrido mais diretamente com a carne de traseiro do que de dianteiro.
Conclusão
Analisando as correlações desde 2003 temos um comportamento muito semelhante no preço do boi gordo em São Paulo na comparação com o restante das praças pecuárias, exceto em Alagoas.
Se o preço do boi subir em São Paulo, por exemplo, existe grande possibilidade de subir nas outras praças, com as suas devidas ponderações conforme indicado na figura 1.
O preço do boi não tem correlação com o preço do couro, tendo comportamentos distintos e até inversos dependendo do momento.
Já o preço do boi tem uma correlação um pouco maior com o preço do sebo, mas ainda assim não pode ser considerada forte, chegando a 0,73 quando o máximo é um, e geralmente consideramos correlacionados mercados com correlação acima de 0,80.
O dólar não tem correlação nenhuma com os produtos da pecuária analisados (boi, couro e sebo) e suas variações de preços não podem ser consideradas semelhantes em quaisquer aspectos.
Com relação ao preço das carnes, há forte correlação entre as cotações de traseiro e dianteiro e fraca correlação entre a carne bovina e carne suína.
Mas analisando os preços da carne bovina com o frango, existe maior correlação entre traseiro e frango do que dianteiro e frango.

FONTE: SCOT CONSULTORIA

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