Os pecuaristas gaúchos questionam o aumento de até 50% no preço dos cortes nobres de carne bovina praticado pelo varejo nos últimos 40 dias. A principal argumentação é que o mesmo repasse não chega dentro da porteira. Conforme o consultor de pecuária de corte da Farsul, Fernando Adauto, o reajuste ao produtor não passou de 10% no mesmo período. "Para nós, não houve este aumento que o varejo está praticando. O preço não está ruim, mas é mais ou menos o mesmo do ano passado. Isso não se justifica", critica. Conforme o último levantamento conjuntural da Emater, entre 28 de outubro e 25 de novembro, a média do quilo vivo passou de R$ 2,75 para R$ 2,96, representando uma alta de 7%. "Não posso concordar que a carne subiu tanto. O varejo está especulando", afirma Adauto.
O presidente da Agas, Antonio Cesa Longo, afirma que o preço médio dos cortes ao consumidor aumentou entre 8% e 10% no período, e que apenas a picanha e o filé mignon subiram na casa dos 50%. "O produto gaúcho não abastece a demanda do Rio Grande do Sul e também é mais caro por ser de raças europeias enquanto no centro do país predominam as zebuínas", afirma. O dirigente destaca que o incremento é o mesmo do frigorífico, de 10%. Mas que cortes com preços menores acabam se diluindo no aumento das peças nobres. "A comparação entre os preços ao produtor e os praticados no varejo é ''um cálculo burro''. Não compramos o boi vivo."
O presidente do Sicadergs, Ronei Lauxen, admite que o preço dos cortes nobres repassado ao varejo cresceu entre 20% e 25% no período. Mas que, em contrapartida, outros obtiveram recuo como a paleta, corte de segunda, que caiu 15%. "A oferta diminuiu porque estamos saindo da safra e há uma pressão muito forte dos preços do centro do país, que estão vindo muito caros para cá. Repassamos ao produtor exatamente o mesmo percentual de aumento", garante.
A coordenadora de projetos da consultoria Boviplan, Andreia Brasil Vieira José, ressalta que o problema está sendo a estiagem, que gera falta de pasto para os animais. O vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, reconhece que a oferta de gado é menor do que há alguns meses devido à seca e à dificuldade com as pastagens de inverno. No entanto, acredita que o incremento praticado pelo varejo não se justifica.
FONTE: Correio do Povo, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint
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