A substituição da importação de carnes pela Rússia está se acelerando mais do que previsto, devendo afetar vendas do Brasil para aquele mercado no próximo ano. O governo russo anunciou que vai cortar em 50% a cota de importação de frango, ao invés de um terço previsto inicialmente, mas não vai alterar as cotas para carnes suína e bovina.
De maneira geral, a Rússia aumentou sua produção de carne em 12% este ano e reduziu as importações em 20%. A tendência é de continuar diminuindo as compras de frango e de suíno, mas não de carne bovina.
O vice-primeiro-ministro, Viktor Zubkov, anunciou em Moscou que a importação de carne de frango, que chegou a 700 mil toneladas no ano passado, será limitada a 350 mil em 2011. A cota para importação de carne suína será de 472.100 toneladas, incluindo a cota de 57.500 toneladas para os EUA. A cota para carne bovina será de 530.000 toneladas.
Os russos podem fazer o que quiserem, unilateralmente, porque continuam fora da Organização Mundial do Comércio (OMC). O Brasil negocia com Moscou a situação para quando o país aderir à entidade global de comércio. "Na prática, não muda quase nada para o Brasil entre 2010 e 2011, mas vamos ver para depois", diz um negociador brasileiro.
Atualmente, o Brasil não tem cota específica, ao contrário dos EUA e da União Europeia. Mas no caso da carne bovina, grande parte da cota, atribuída aos europeus, é na prática preenchida pelo Brasil, que exportou US$ 1 bilhão no ano passado.
Já a parte brasileira de carne suína não está sendo preenchida por causa do preço salgado do produto brasileiro.
O processo de entrada da Rússia na OMC está acelerado. Moscou assinou recentemente acordo bilateral com a UE. Mas ainda falta rever as condições para o Brasil dar seu apoio à entrada no clube multilateral.
FONTE: Assis Moreira, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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