quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Pressão de baixa no boi… mas cadê o boi?

O mercado físico do boi gordo, depois da euforia registrada em outubro (alta de 20,4% entre dia 1 e 29) e agito registrado em novembro (volatilidade acima de 25%), agora perdeu rumo. Frente aos preços mais altos, a oferta de gado para abate melhorou no último mês, com a saída do final dos confinamentos e pecuaristas aproveitando a melhora das pastagens e o ganho compensatório em função da seca para acelerar a engorda e, consequentemente, o abate.
Dessa forma, a indústria conseguiu reduzir a ociosidade e iniciou pressão de baixa, o que há um bom tempo não se observava no mercado. A oferta, entretanto, não é abundante e os animais provenientes do pasto estão mais leves, escorridos, o que poderá ter impacto na oferta dos próximos meses pela antecipação do abate, além de afetar a qualidade da carne. Atacadistas relataram piora na homogeneidade dos carregamentos de carne justamente pela presença de cortes de animais mais leves.
Nos últimos dias foi possível observar que a oferta de animais retraiu. A estratégia dos frigoríficos é alongar as escalas através da redução do abate diário e remanejamento dos lotes. Ou seja, o volume de compras voltou a cair, mas a indústria não retomou as compras como esperado.
Diante da demanda enfraquecida da 2ª quinzena de novembro, somada à redução no processamento de embutidos e perspectiva de aumento na concorrência com carne suína, de frango e até de peru devido às festividades, os estoques de carne bovina permaneceram altos. Sem sustentação da demanda, os preços recuaram em novembro apesar de a média mensal ter fechado acima de outubro. Atualmente a carne com osso está cotada em R$6,20/kg, ou R$93,00/@, o que tira o fôlego dos frigoríficos pequenos em pagaram acima de R$100,00/@ no boi gordo e até favorece a compra de carcaça no lugar do boi.
As indústrias também estão realocando carne para o mercado interno, em função da lentidão nas exportações registrada em novembro. A firmeza do dólar nos últimos dias pode reverter esse movimento, mas o aumento na oferta de carne foi suficiente pra forçar negócios até R$6,00/kg no mercado atacadista de São Paulo.
A dúvida fica por conta da previsão de demanda para dezembro, uma vez que o pagamento dos salários somado ao 13º favorece o consumo de carne bovina, sobretudo dos cortes nobres. Historicamente a oferta de boi gordo cai na 2ª quinzena de dezembro e pode ser outro fator de sustentação do mercado.
Deixando os fundamentos do mercado de lado, ao analisar de um ponto de vista técnico, houve uma queda nos preços do boi gordo com aumento no volume de negócios, o que confirma esse movimento. Atualmente, entretanto, os preços estão caindo com volume cada vez menor, indicando que não é um movimento consistente ou que será de curta duração. Agora é esperar pra ver de que lado a corda estoura!

FONTE: www.agroblog.com.br
autor LEONARDO ALENCAR

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