sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Pecuaristas do CO já estão buscando bezerros no RS

No final de novembro, fizemos um pequeno artigo, "Vale a pena comprar bezerros no RS?", com o objetivo de iniciar um debate e facilitar que compradores do Centro-Oeste e SP se encontrem com vendedores do RS.
Temos conhecimento de produtores de SP que constantemente compram bezerros no RS e que é uma prática interessante pelo preço e qualidade dos animais. É claro que é preciso descontar os custos extras de frete, impostos, papelada, etc, como de qualquer compra entre diferentes Estados. Apesar de tudo isso, acreditamos que RS e CO têm muito a ganhar com esse maior intercâmbio, gerando melhores negócios para ambas as partes.
Nesta semana entramos em contato com alguns corretores que atuam no mercado gaúcho para saber como está o mercado de reposição na região e com funciona esta modalidade de negócio (comprar animais magros no RS para serem terminados no Centro-Oeste e Sudeste).
Eduardo Lund, de Pelotas, comentou que o mercado de reposição está aquecido. "Eu comprava há 30 dias terneiros a R$ 2,70/kg e hoje está difícil de encontrar ofertas a R$ 2,90 - R$ 3,00, com uma alta de no mínimo 10% nos últimos 30 dias. O mercado está bom, hoje tem mais comprador do que vendedor". Para ele o Rio Grande do Sul foi o único Estado que se manteve lúcido em relação aos preços do boi, "o preço foi subindo lentamente em função da oferta curta e aumento da demanda. Nunca faltou boi, mas também não tivemos muita sobra".
Conversamos também com João Manoel Vieira do Escritório Ganadero, de Bagé, que tem larga experiência na comercialização de bovinos para outros Estados. Ele comentou que já faz este tipo de transação há alguns anos, enviando animais para Goiás e São Paulo. "O pessoal tem buscado principalmente animais de cruzamento industrial".
"Essa semana mesmo tivemos contato com um pessoal de Goiás que tem um confinamento de 20 mil cabeças e está buscando animais aqui no Rio Grande Sul em função dos preços mais baixos do que os praticados no CO e de bonificações em cima de carcaças de animais com sangue Angus".
"Realizar esta operação é simples o único imposto que é preciso é o ICMS, que para os Estados do Centro-Oeste, Nordeste e Espírito Santo é de 7% e para os Estados do Sudeste e Sul é de 12%", informa Vieira, lembrando que normalmente os negócios são fechados no peso vivo.
Ele comenta que os seus clientes estão buscando animais de 240 - 250 kg ou até mais pesados, "eles não querem animais muito leves".
João Manoel ressalta que é preciso tomar certos cuidados no controle de carrapatos, pois existem algumas regiões no Rio Grande do Sul que são livres deste parasita e quando os animais chegam no Centro-Oeste e sofrem algum grau de infestação podem apresentar problemas sérios. "Tivemos um carregamento que teve problemas, inclusive com morte de alguns animais".
O leitor do BeefPoint, Eduardo Piccoli Machado, de Alegrete/RS, comentou que conhece alguns casos pontuais de venda de terneiros para confinamento em São Paulo, a preços bem compensadores. "Mas pelo que conheço de nossa realidade, qualquer movimento consistente de compra por produtores de outros Estados elevará o preço aqui consideravelmente. Negócio barato para o comprador será só o primeiro. Depois que o produtor souber que vai para outros Estados ele vai querer muito mais. Experiência própria, adquirida na exportação".
"A questão é muito interessante. Certamente, neste momento, seria interessante para confinamentos do Paraná e São Paulo adquirirem terneiros no RS. Mesmo com custos de frete e ICMS, a diferença de preço de R$ 200,00 a R$ 250,00 por cabeça recompensaria. Temos conhecimento de que carregamentos estão sendo realizados inclusive do extremo sul (S. Vitória do Palmar). Mas é oportuno salientar que este não é um momento com boas quantidades em oferta que normalmente se concentram no período de outono e entrada do inverno. Imagino que haverá valorização do terneiro na próxima estação de desmame, tendência obrigatória para manter e estimular os investimentos tão importantes e cruciais para a fundamental etapa da cria. Além disso, é importante salientar que a diferença no preço do boi gordo também é elevada, pois enquanto as cotações do Rio Grande do Sul atingiram no máximo R$ 93,00 por arroba, em São Paulo superaram R$ 117,00. Assim, também caberia a seguinte questão: Não seria interessante abater gado gordo do RS no Paraná ou em São Paulo?", comentou José Luiz Martins Costa Kessler, de Pelotas/RS.

FONTE: André Camargo, Equipe BeefPoint

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