Se o animal magro representa em média 54% do custo de produção de bovino confinado, podemos perceber o motivo da queda expressiva de (-16,46%) da intenção em confinar animais. Mas não é só isso, há também a preocupação por parte dos pecuaristas no que diz respeito no movimento dos frigoríficos para ampliar suas estruturas próprias de confinamento e preencher suas escalas na entressafra, o que poderá trazer frustração nos preços de quem confinar.
Reparem o período é de janeiro a dezembro do ano passado. Começamos o ano com arroba do boi cotado a R$ 86,00 em média. Na Safra tivemos desvalorização de até R$ 10,00. Isso ocorreu em meados de Março inicio de Abril. Após, o preço da arroba inicia valorização e no inicio de julho atingiu a cotação de R$ 82,17. Daí em diante, o valor da arroba entrou em desvalorização mostrando alguma recuperação no inicio de outubro e fechou o ano sendo cotado em média a R$ 72,00.
Entre alguns fatores que podemos analisar, destaque para ao menos três, a saber:
1 – Safra, economia estava num período de crise no sistema financeiro internacional, e havia muitas dúvidas sobre como o mercado poderia ser influenciado. Receio de calote por parte das indústrias aos pecuaristas era muito grande. E na Safra houve uma oferta que proporcionou as escalas dos frigoríficos, trazendo a desvalorização da arroba;
2 – Quando inicia a intenção de animais confinados, os preços reagem a atingem a máxima cotação do ano de 2009 em meados de Julho, R$ 82,00. Com inicio de inverno, e a conseqüente deteriorização das pastagens, somando a isso a entrada de animais de confinamentos, os preços da arroba desvalorizam de forma significativa até o final do ano.
3 – E ainda tem de considerar que as indústrias frigorificas, planejam a entressafra do boi de modo a não ficar muito dependente do pecuarista para preencher suas escalas e como sabemos isso pressiona ainda mais a cotação da arroba do boi gordo. Confinamentos próprios é uma das formas utilizadas.
E por ultimo, se não me engano houve nesse período o ano passado a já costumeira e previsível ação da Comunidade Européia em embargar nossa carne, resultando em um fator mais negativo da arroba.
E o gráfico deste ano o que nos mostra? Vamos a ele:
Iniciamos este ano com arroba cotada a R$ 72,00. Ao contrário de 2009, nossa Safra não apresentou pressão nos preços e tivemos uma continua valorização dos preços da arroba até chegar ao pico de R$ 83,38 em meados de Abril e Maio. Houve uma certa pressão nos preços a partir daí com a chegada das primeiras frentes frias, o que é comum no mercado da pecuária.
O que realmente importa, é que estamos no período de divulgação das estimativas dos confinamentos e se o comportamento dos preços tenderem a seguir o ano passado pode estar no período de maior valorização do preço da arroba este ano. Vejam que no gráfico o pico de preço para este ano foi de R$ 83,38.
O que esperar para este ano então nos preços da arroba? Sinceramente não sei, mas particularmente sou mais otimista este ano do que de 2009, e cito alguns fatores para justificar, a saber:
1 – A crise financeira ainda abala as economias mundiais, Europa apresenta graves déficits fiscais. Mas no entanto nossos maiores compradores tem sido Irã e Rússia e por ali parece que a situação é mais confortável economicamente. Ou seja, embargo europeu à nossa carne, nós já estamos mais que vacinados para esta situação.
Além das empresas frigoríficas juntamente a ABIEC, e o governo tem concentrado esforços em abrir novos mercados para a carne brasileira.
2 – Como a própria Assocon divulgou, a dificuldade esta muito grande em comprar animais magros para engorda, e isto mostra um mercado mais enxuto do que esperado para este ano. Sendo assim as escalas mesmo com entrada de animais confinados podem não ter períodos de folga tão expressivos e pressionar os preços da arroba.
3 – Este ano já se fala em expansão de até 7% ou além de crescimento do PIB no nosso país. Crescimento do PIB reflete maior renda e por conseqüência maior consumo. Fato muito positivo para pecuária.
A mensagem que quero deixar aqui é de que o ano de 2010 surpreendeu o mercado do boi gordo, acredito que até boa parte do mercado de fato positivo.
A pressão nos preços parecia eminente ao final de 2009. Forte concentração de empresas na compra de animais, risco financeiro devido à crise internacional que abalou as economias ao redor do mundo. Umas mais que as outras é bem verdade. Este “quadro nebuloso” mostrava grande preocupação em toda cadeia produtiva da carne bovina. Como investir numa situação delicada como se apresentava?
Mas o importante é estar otimista e continuar acreditando que as novas tecnologias implantadas e o potencial da pecuária nacional, vão continuar sendo destaque positivo mundo afora. Afinal, produzir carne de alta qualidade e competência o Brasil sabe.
FONTE: IEPEC
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