quinta-feira, 1 de julho de 2010

Artigos: Estimativas de Confinamento em 2010, e o que esperar para nossa Entressafra

E já estamos passando por metade de 2010. . . Pois bem, no mês de junho o mercado inicia a divulgação da intenção de confinamentos para o ano corrente. Esses dados são de extrema importância para a pecuária, pois traz a estimativa de como será nosso ciclo de entressafra.

Dentre algumas Entidades, Censos ou Associações, destacando a Assocon (Associação dos Confinadores), o IMEA (Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária) e ainda o site Beefpoint que divulgam estimativas da Intenção de animais a serem confinados.

A primeira a estimativa divulgada foi do IMEA, trazendo números de diminuição de até (-7,00%) no volume de animais confinados. A Assocon em sua primeira estimativa segue o mesmo parâmetro queda de (- 5,89%) em média. No entanto a um fator a mais para verificar. Essa queda de (-5,89%) é uma média entre os 50 pecuaristas ouvidos pela Associação. Curioso notar que, em propriedades com sistemas próprios de cria e recria, ao contrário a projeção é crescer até 8,5%. Isso reflete na menor dependência na compra de animais preencherem as vagas no confinamento.

Por outro lado, os grandes confinamentos, que preenchem suas vagas com parcerias ou aluguel de currais para terceiros, projetam queda de (- 16,46%). Este grupo conta com 45,13% do gado comprado e/ou acordado. Ou seja, boi magro para engordar esta em falta. Ou ainda, o que chamamos de gado para reposição esta escasso no mercado.
Se o animal magro representa em média 54% do custo de produção de bovino confinado, podemos perceber o motivo da queda expressiva de (-16,46%) da intenção em confinar animais. Mas não é só isso, há também a preocupação por parte dos pecuaristas no que diz respeito no movimento dos frigoríficos para ampliar suas estruturas próprias de confinamento e preencher suas escalas na entressafra, o que poderá trazer frustração nos preços de quem confinar.

Mas voltando ao mercado atual, vamos ver o gráfico do comportamento do Indicador Esalq/BM&F de 2009.



Reparem o período é de janeiro a dezembro do ano passado. Começamos o ano com arroba do boi cotado a R$ 86,00 em média. Na Safra tivemos desvalorização de até R$ 10,00. Isso ocorreu em meados de Março inicio de Abril. Após, o preço da arroba inicia valorização e no inicio de julho atingiu a cotação de R$ 82,17. Daí em diante, o valor da arroba entrou em desvalorização mostrando alguma recuperação no inicio de outubro e fechou o ano sendo cotado em média a R$ 72,00.

Entre alguns fatores que podemos analisar, destaque para ao menos três, a saber:

1 – Safra, economia estava num período de crise no sistema financeiro internacional, e havia muitas dúvidas sobre como o mercado poderia ser influenciado. Receio de calote por parte das indústrias aos pecuaristas era muito grande. E na Safra houve uma oferta que proporcionou as escalas dos frigoríficos, trazendo a desvalorização da arroba;

2 – Quando inicia a intenção de animais confinados, os preços reagem a atingem a máxima cotação do ano de 2009 em meados de Julho, R$ 82,00. Com inicio de inverno, e a conseqüente deteriorização das pastagens, somando a isso a entrada de animais de confinamentos, os preços da arroba desvalorizam de forma significativa até o final do ano.

3 – E ainda tem de considerar que as indústrias frigorificas, planejam a entressafra do boi de modo a não ficar muito dependente do pecuarista para preencher suas escalas e como sabemos isso pressiona ainda mais a cotação da arroba do boi gordo. Confinamentos próprios é uma das formas utilizadas.

E por ultimo, se não me engano houve nesse período o ano passado a já costumeira e previsível ação da Comunidade Européia em embargar nossa carne, resultando em um fator mais negativo da arroba.

E o gráfico deste ano o que nos mostra? Vamos a ele:

Iniciamos este ano com arroba cotada a R$ 72,00. Ao contrário de 2009, nossa Safra não apresentou pressão nos preços e tivemos uma continua valorização dos preços da arroba até chegar ao pico de R$ 83,38 em meados de Abril e Maio. Houve uma certa pressão nos preços a partir daí com a chegada das primeiras frentes frias, o que é comum no mercado da pecuária.

O que realmente importa, é que estamos no período de divulgação das estimativas dos confinamentos e se o comportamento dos preços tenderem a seguir o ano passado pode estar no período de maior valorização do preço da arroba este ano. Vejam que no gráfico o pico de preço para este ano foi de R$ 83,38.

O que esperar para este ano então nos preços da arroba? Sinceramente não sei, mas particularmente sou mais otimista este ano do que de 2009, e cito alguns fatores para justificar, a saber:

1 – A crise financeira ainda abala as economias mundiais, Europa apresenta graves déficits fiscais. Mas no entanto nossos maiores compradores tem sido Irã e Rússia e por ali parece que a situação é mais confortável economicamente. Ou seja, embargo europeu à nossa carne, nós já estamos mais que vacinados para esta situação.
Além das empresas frigoríficas juntamente a ABIEC, e o governo tem concentrado esforços em abrir novos mercados para a carne brasileira.

2 – Como a própria Assocon divulgou, a dificuldade esta muito grande em comprar animais magros para engorda, e isto mostra um mercado mais enxuto do que esperado para este ano. Sendo assim as escalas mesmo com entrada de animais confinados podem não ter períodos de folga tão expressivos e pressionar os preços da arroba.

3 – Este ano já se fala em expansão de até 7% ou além de crescimento do PIB no nosso país. Crescimento do PIB reflete maior renda e por conseqüência maior consumo. Fato muito positivo para pecuária.

A mensagem que quero deixar aqui é de que o ano de 2010 surpreendeu o mercado do boi gordo, acredito que até boa parte do mercado de fato positivo.
A pressão nos preços parecia eminente ao final de 2009. Forte concentração de empresas na compra de animais, risco financeiro devido à crise internacional que abalou as economias ao redor do mundo. Umas mais que as outras é bem verdade. Este “quadro nebuloso” mostrava grande preocupação em toda cadeia produtiva da carne bovina. Como investir numa situação delicada como se apresentava?

Mas o importante é estar otimista e continuar acreditando que as novas tecnologias implantadas e o potencial da pecuária nacional, vão continuar sendo destaque positivo mundo afora. Afinal, produzir carne de alta qualidade e competência o Brasil sabe.

FONTE: IEPEC

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