quinta-feira, 1 de julho de 2010

Clima de confiança marca lançamento da Expointer 2010

Feira tem pelo menso quatro propulsores para consolidar força do agronegócio gaúcho

Vem do clima generoso boa dose de confiança que o campo carrega para a Expointer 2010. Na pecuária e na agricultura, a chuva que não faltou este ano levou o Estado a uma safra recorde e faz agora o gado ter oferta abundante de alimento, ao contrário de 2009, quando a seca e as geadas deixaram o pasto crestado.
Lançada ontem em solenidade no Parque Assis Brasil em Esteio, com a presença da governadora Yeda Crusius, a 33ª Expointer apontou clima de confiança. Lideranças e organizadores esperam pelo menos repetir o desempenho histórico de 2009, quando registrou-se um resultado de R$ 1 bilhão.
Apesar dos preços dos grãos abaixo do ano passado, o volume inédito de 24,3 milhões de toneladas tende a compensar e tornar a feira solo fértil para os negócios. Com melhor rentabilidade, a soja deve renovar o ímpeto de investimento dos agricultores. Para o consultor Carlos Cogo, especializado em agronegócio, as duas últimas safras deixaram o produtor capitalizado. E o clima, outra vez, pode dar um impulso até a feira.
– Prognósticos climáticos indicam a ocorrência do fenômeno La Niña ano que vem, o que gera um grau de risco para a safra da América do Sul. Quando isso começar a ser mais divulgado, o preço da soja deve reagir – diz Cogo, ao ressaltar que os valores pagos ao produtor começaram a subir em junho.
Se o clima irriga, o crédito aduba. Depois da surpreendente procura por máquinas agrícolas na Expointer ano passado, o setor estima pelo menos, a dois meses da exposição, repetir os R$ 795 milhões comercializados em 2009 – o dobro de 2008 – será um êxito.
– Permanecem as vantagens de planos como o Mais Alimentos e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), e os agricultores podem aproveitar juros baixos – lembra o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas (Simers), Cláudio Bier.
Para pecuaristas, os resultados das feiras de terneiros e a evolução do preço do boi são sinais de que a Expointer pode ter gordura para retomar o nível de 2008 e vendas de R$ 10,56 milhões.
– É um ano bem melhor do que 2009. Há sobra de pasto. E isso vai se refletir em uma compra maior de touros – diz o presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais, Jarbas Knorr.
O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Mello, diz que em algumas regiões do Estado o preço do boi gordo chega a R$ 2,80, com tendência de encostar nos R$ 3.
Alguns entraves, no entanto, permanecem. Francisco Schardong, diretor da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), alerta que muitos produtores ainda sofrem com o endividamento. O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias, Rui Polidoro Pinto, chama a atenção para os baixos preços do trigo, arroz e milho, o que pode afetar a renda e inibir investimentos.

Grãos: safra recorde irriga negócios
O Rio Grande do Sul colheu este ano uma safra recorde de 24,3 milhões de toneladas de grãos. Principal lavoura do Estado, a soja também teve este ano uma produção inédita, na casa das 10 milhões de toneladas. A soja é ainda a cultura de maior rentabilidade para o produtor gaúcho, mesmo com preços inferiores ao ano passado. Apesar da confirmação ontem de que os Estado Unidos terão na próxima safra uma área plantada recorde, a perspectiva de La Niña na América do Sul é um fator de risco de seca para o Sul do Brasil e Argentina, o que pode levar a uma reação da cotação. O valor pago ao agricultor gaúcho já subiu em junho. A situação de preços segue desfavorável, no entanto, para culturas como milho, trigo e arroz.

Pecuária: preço do boi gordo pesa
Sempre considerado um balizador dos negócios com animais na Expointer, o preço do boi gordo em ascensão volta animar os pecuaristas. A projeção é superar as vendas do ano passado, na casa dos R$ 8,39 milhões, e retornar aos níveis de 2008, quando o faturamento chegou a R$ 10,56 milhões. Além do boi gordo, os preços alcançados nas feiras de terneiros no outono indicam um aquecimento na comercialização. Outro fator positivo é o clima. Há boa oferta de pasto no Estado. Em 2009, a seca do outono e as fortes geadas do inverno deixaram o campo amarelado. Com sete remates programados, um a mais em relação a 2009, os negócios com cavalos crioulos também caminham para superar os R$ 5 milhões movimentados na última edição. A raça equina é a lider em negócios entre os animais na Expointer.

Crédito: financiamento para saciar a demanda
Em meio a um plano safra com recursos recordes (veja quadro abaixo), crédito não será problema para impulsionar os negócios na feira. O Banrisul estará liberando na Expointer R$ 114 milhões, volume 20% acima do ano passado. Uma das apostas do banco é a linha para médios produtores, com juros de 7,5% ao ano. O BRDE vai disponibilizar os mesmos R$ 100 milhões da última edição, mas pode aumentar os recursos conforme a demanda. Ano passado, foram R$ 190 milhões em propostas de financiamento. A CaixaRS tem a mesma estratégia. A agência de fomento prevê R$ 200 milhões para viabilizar negócios envolvendo sistemas de armazenagem, irrigação e maquinário, mas captou de R$ 325 milhões ano passado. O Banco do Brasil informou estar em período de silêncio pelo processo de oferta de ações e, por enquanto, não pode detalhar os planos para a Expointer.

Máquinas: venda tracionada de trator e colheiradeira
A surpresa com a venda de máquinas agrícolas foi tão grande ano passado que, agora, o setor prefere trabalhar com cautela. Se repetir os R$ 795 milhões, o dobro de 2008, o resultado será comemorado. Mas dados da Dados da Associação Brasileira de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que, de janeiro a maio, os agricultores brasileiros adquiriram 28,9 mil unidades principalmente de tratores e colheitadeiras, número 54% maior do que o mesmo período de 2009. Os juros do PSI passam de 4,5% para 5,5% ao ano a partir de hoje, mas a incerteza quanto à continuidade do programa em 2011 pode levar os agricultores a decidirem pelo investimento. No Mais Alimentos, perenizado pelo governo federal, o limite de financiamento foi elevado R$ 100 mil para R$ 130 mil.

FONTE: Zero Hora

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