A rastreabilidade, além de contribuir para reduzir as exportações de carne brasileira para a União Europeia, está dificultando o cumprimento da Cota Hilton.
Em 2005, a União Europeia, ao determinar que os animais destinados a essa cota fossem identificados à desmama, deram dois anos de prazo ao Brasil para se adequar à nova regra. Na época, isso não representava um grande problema, pois o Sisbov-Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos dispunha de um cronograma de implantação gradativa, e os bezerros, presumia-se, seriam naturalmente certificados. Mas ocorreu justamente o oposto. Ao deixar de ser obrigatório, o Sisbov passou a requerer apenas 90 dias de permanência dos animais na área habilitada para exportação à UE; como resultado, a oferta de animais rastreados desde a desmama tornou-se ínfima.
Quando a regra da Hilton entrou em vigor dia 1º de janeiro de 2009, as exportações, que já andavam lentas por falta de animais, por causa da Lista Traces, empacaram de vez. "No ano-cota 2009/2010, que terminou dia 30 de junho, o Brasil exportou cerca de 1.000 toneladas de carne bovina in natura no padrão Hilton, ou seja, 10% das 10.000 toneladas reservadas ao País, isso significa um prejuízo de pelo menos US$ 150 milhões.
O próximo ano-cota também será ruim, se as regras não forem mudadas", afirma Otávio Cançado, diretor-executivo da Abiec-Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina. O Brasil também enfrenta dificuldades para ter acesso à Cota UE 30, criada pelos europeus como compensação aos EUA pela conclusão do acordo que encerrou o contencioso dos hormônios na OMC.
A cota é aberta a todos os exportadores, desde que credenciados. "Cumprimos as etapas iniciais. Mas o processo não avança porque falta ao Brasil um sistema nacional de classificação e tipificação de carcaças nos moldes americanos", informa Cançado.
DBO - Editores Associados
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