A sincronização do cio das vacas é uma técnica presente em 40% das inseminações brasileiras. No País há cerca de dez anos, a manipulação de hormônios induz à ovulação simultânea e garante o sucesso dos procedimentos de reprodução assistida. Adaptados às condições brasileiras, protocolos reprodutivos criados nos Estados Unidos diminuem os intervalos entre partos e elevam o número de bezerros nascidos. Professor da Faculdade de Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), Pietro Sampaio Baruseli, atribui grandes vantagens econômicas à ferramenta, que considera crucial para produtividade e superioridade genética do rebanho nacional.
De acordo com ele, sintetizadas no organismo do animal, as substâncias hormonais são administradas em forma de implante ou injeções intramusculares. O princípio é simular o processo natural selecionando as mesmas quantidades produzidas pelo sistema endocrinológico da vaca.
O primeiro benefício é facilitar a reprodução, porque é muito difícil detectar o cio de uma vaca para inseminá-la. Ao facilitar o emprego de uma técnica, otimizamos a aplicação e reduzimos custos. Essa detecção, normalmente difícil, fica ainda mais complicada pelos atrasos de cio após os partos. Cerca de 8% das nossas fêmeas em idade reprodutiva são inseminadas, enquanto em outros países esse número chega 90%. Temos muito que avançar nesse processo para melhorar qualidade e quantidade dos nossos produtos, mas a tecnologia já é uma realidade no setor produtivo, aumentando as possibilidades de lucro e aprimoramento do gado — diz o professor.
Inicialmente, pesquisadores brasileiros, europeus e norte-americanos começaram a tentar compreender o ciclo folicular dessas vacas para controlar a ovulação. No entanto, devido às características de genética e manejo comuns ao nosso gado, os primeiros procedimentos desenvolvidos na América do Norte não serviram para o Brasil. Há cerca de dez anos estudos conduzidos pela USP e diversos outros grupos de pesquisa definiram tratamentos biotecnológicos próprios para o mercado interno.
Com o desenvolvimento dos trabalhos na área, além do sêmen convencional com chances iguais para originar machos e fêmeas, já é possível programar melhor os nascimentos. Capaz de separar espermatozóides X e espermatozóides Y do ejaculado do touro, uma máquina disponibiliza o sêmen sexado. Hoje, o criador pode adquirir tanto um material que produz 90% de machos e 10% de fêmeas, quanto o contrário. Essa evolução aprimora ainda mais a geração de filhotes para produtores de leite e carne — revela.
FONTE: Portal Dia de Campo
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