quarta-feira, 23 de junho de 2010

Na balança II

Continuando o artigo anterior.

Mesmo que hoje o peso vivo tenha sido eleito como o termômetro do bom desempenho do gado de corte, o ideal é estimar o peso da carcaça e aí vem a pergunta: a que horas a boiada deve ser pesada?
Para responder esta pergunta, a primeira informação importante é saber o tempo de jejum que o gado fica no frigorífico antes do abate. De acordo com a norma brasileira, para que o animal possa fornecer uma carcaça com carne de qualidade o boi deve ficar no curral do frigorífico, sem comer mas com acesso livre à água por 24 hrs antes de ser abatido. Nestas condições o animal de 480 Kg perde, em média, 55 Kg. Do total deste peso 95% consiste na eliminação de fezes e urina, evaporação e da falta de alimentação e apenas 5% deste peso é refletido na carcaça.. Se o jejum passar das 24 hrs, aí sim temos um problema pois depois de 24 hrs de jejum a carcaça será consumida cerca de 1,5% do seu peso a cada hora adicional.
Mas então será necessário deixar o animal em jejum por 24 hrs na fazenda para pesar e ter um rendimento de carcaça real? Não. Pesquisas apontam que para se obter um resultado confiável e evitar desgaste desnecessário do gado a estratégia deve ser deixar os animais comerem até às 19 hrs e então prendê-los para iniciar o jejum e pesá-los às 11 hrs completando, assim, 16 hrs de jejum.
Para calcular o peso vivo equivalente a 24 hrs de jejum multiplica-se o peso obtido no jejum de 16 hrs por 0,98, portanto um boi de 400 Kg que passou 16 hrs em jejum pesará 392 Kg com 24 hrs de jejum, 2% menos. Após esta pesagem aplicar o rendimento de carcaça esperado.
Embora alguns recomendem deixar o gado sem beber água durante o período de jejum, este manejo é inapropriado pois a falta de água causará desconforto principalmente se a temperatura estivar acima dos 25 graus celsius. Outro motivo é que a ausência de água reduz o apetite temporiariamente pois a falta de água diminui a quantidade de protozoários e bactérias que vivem no rúmen responsáveis pela digestão do capim.

Fonte: Enrico Ortolani - Revista DBO Rural

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