Grupos de investidores estrangeiros, principalmente argentinos e chineses, aquecem o mercado de terras brasileiro. De acordo com Ricardo Viana Lopes, zootecnista e analista da Scot Consultoria, as regiões mais procuradas são o sudeste do Piauí, Maranhão, Bahia e Tocantins. "Mesmo com a queda nos preços da soja e do milho, grupos como o Los Grobo veem na região do cerrado potencial de valorização", afirma.
Para o analista, os preços mais baixos, se comparados à Região Sul do País, e à boa produtividade na área de cerrado, na nova fronteira agrícola, conhecida como Matopiba, são os atrativos.
Segundo Lopes, em Balsa, no Maranhão, quando as terras agrícolas estão prontas para a produção, o hectare pode atingir R$ 5,1 mil. "Os negócios devem continuar aquecidos, com tendência de alta", prevê o analista, acrescentando que a infraestrutura das estradas e a proximidade com centros urbanos também incidem na valorização das terras.
As áreas para pastagens, dependendo da qualidade e volume de chuvas, segundo o analista, são comercializadas entre R$ 400 e R$ 1,5 mil o hectare. "O Matopiba, ao contrário de estados como Pará e Rondônia, sofre menos pressões ambientais."
Estatística da AgraFNP mostra que a valorização média das terras em Tocantins, em 36 meses, no período de maio e junho de 2007, a março e abril de 2010, foi de 68,1%, e em 12 meses, de 2009 a 2010, de 17,9%. No mesmo período, em 36 meses, no Piauí, as terras valorizaram 70,1%, e em 12 meses, 2%. Já no Maranhão, o valor do hectare avançou 54,1%, em 36 meses, e 16,8%, em 12 meses.
Segundo Lopes, o preço médio das terras brasileiras variam entre R$ 4 mil e R$ 5 mil por hectare.
No entanto, em Santa Catarina, o hectare para pastagem é vendido em média a R$ 13 mil. Para grãos, o valor médio é de R$ 21 mil por hectare. "Em Joinvile e Blumenau as terras podem custar R$ 50 mil o hectare", diz Lopes.
De acordo com Jacqueline Bierhals, gerente de Agroenergia da AgraFNP, o volume mínimo de investimento realizado por um grupo, por exemplo, de 20 estrangeiros no País, gira em torno de US$ 2 bilhões. "Toda vez que vejo negócios envolvendo estrangeiros, os investimentos estão sempre acima de US$ 50 milhões por grupo", comenta.
Além da Argentina e da China, a gerente aponta ainda a Austrália, Nova Zelândia, Coreia e Japão como países que também estão de olho no potencial produtivo das terras no Brasil.
Para Lopes, as notícias sobre um possível bloqueio brasileiro à aquisição de terras agrícolas por grupos internacionais, não vai se concretizar. "Pode ocorrer nova limitação ou sobretaxa", pondera.
Segundo Bierhals, um estrangeiro pode comprar até 25% da área de um município brasileiro. "Não é especificado se o percentual é por área urbana ou rural. Então, entende-se por área total."
Na Bahia, a maior disputa por terras é registrada em Luiz Eduardo, onde segundo Lopes, a produtividade da soja é semelhante à dos Estados Unidos.
No ranking do mercado de terras, de acordo com o analista, as áreas de eucalipto, no Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, e no Piauí também são destaque.
São Paulo
As terras agrícolas em Campinas, de acordo com Lopes, estão mais valorizadas do que áreas em Ribeirão Preto, onde o preço médio por hectare está cotado a R$ 30 mil. A variação de preços de áreas em Campinas estão entre R$ 30 e R$ 40 mil por hectare.
No Estado de São Paulo, a valorização das terras em 36 meses foi de 6,6%, e em 12 meses, 0,4%, de acordo com dados da AgraFNP.
FONTE: DCI - Diário do Comércio & Indústria
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