A melhora no cenário internacional, observada em ritmo lento desde o início do ano, já impacta de maneira significativa o mercado do boi gordo. Com a crise em 2008 e queda na demanda internacional, inúmeros frigoríficos começaram a olhar com mais “carinho” o mercado interno, destino de 75% a 80% da produção brasileira de carne bovina. Nos últimos meses, entretanto, começamos a ver o movimento contrário, com aumento na participação das exportações na receita da indústria.
Os principais países importadores já sinalizam aumento nas compras, como Rússia e países da União Europeia, sobretudo diante do fortalecimento do Euro frente ao Dólar. Além disso, diversos países enfrentam dificuldades por conta do clima e de problemas sanitários.
A seca severa na Rússia, que afetou a disponibilidade de grãos, somada a ocorrência de febre aftosa preocupam o abastecimento local e o volume importado pode aumentar no médio prazo. O Japão, grande importador de carne, mas que às vezes ainda exporta para alguns mercados, briga para resolver os problemas resultantes da febre aftosa em seu território também e por conta disso interrompeu as exportações.
Nos Estados Unidos o problema é o clima. A forte onda de calor já matou mais de 2 mil animais e já se observa redução no consumo e no ganho de peso por conta do forte calor. No Brasil a situação é oposta. Até o momento já confirmaram a morte de mais de 2,5 mil bovinos no Mato Grosso do Sul e muitos outros devem sofrer as consequências da falta de pasto e de doenças respiratórias.
Mas o destaque permanece na oferta enxuta de carne no Brasil e de maneira mais intensiva nos nossos vizinhos. Apenas na Argentina o abate recuou 20% na variação anual e os embarques desaceleraram, enquanto no Uruguai os preços do boi gordo subiram 20% desde junho e, atualmente, é o mais alto da região, algo que não acontecia desde 2008.
Essa melhora no cenário internacional aumentou a atratividade das exportações em relação ao varejo. Normalmente a indústria desova carne no atacado e apenas uma pequena parcela no varejo, mas a decisão depende do preço obtido lá fora. Numa comparação entre o a receita obtida no varejo de São Paulo e a receita média das exportações, observa-se que em junho as exportações remuneraram 9,3% mais, resultado melhor desde maio (9,6%). A média em 2010 está em 2,5%, ou seja, o ritmo de recuperação aumentou nos últimos meses.
Em 2008 essa diferença era de 14,9%, devido ao excelente momento para as exportações e em função da demanda aquecida no mercado internacional, que sofreu impacto da crise apenas no último trimestre do ano. Mas em 2009 o varejo remunerou mais, com deságio de 2,8% para as exportações.
A sinalização positiva da demanda neste período do ano favorece o confinador, sobretudo diante do custo elevado do boi magro, entretanto, o cenário incerto na hora de decidir pela engorda intensiva desestimulou muitos pecuaristas e a expectativa é de queda no volume confinado. Menor oferta com demanda em recuperação confirma que a curva futura deve continuar positiva e pode aumentar a sua inclinação.
FONTE: www.agroblog.com.br
AUTOR: LEONARDO ALENCAR
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