Dois dos maiores grupos frigoríficos do Brasil e do Cone Sul, o JBS e o Marfrig, anunciaram na quarta-feira(21) que suspenderam as relações comerciais com mais de 200 fornecedores de gado – em suma, pecuaristas/propriedades rurais - que atuam com alguma irregularidade, social ou ambiental, na Amazônia. A decisão atinge quatro estados: Pará, Rondônia, Acre e principalmente Mato Grosso, detentor do maior rebanho bovino do Brasil.
De acordo com informações publicadas ontem no site Globo Amazônia, o cerco aos pecuaristas que atuam na ilegalidade tende a se intensificar ainda mais. Seguindo um acordo firmado com o Ministério Público do Pará, o representante do Marfrig afirmou que a companhia, a partir de 13 de novembro, só comprará gado de quem tiver o Cadastro Ambiental Rural (CAR) regularizado.
O segmento, em Mato Grosso, até o final da tarde de ontem não havia mensurado o tamanho do impacto que a suspensão provocará à atividade, uma vez que o número de fornecedores impedidos ainda não era conhecido.
Uma fonte ligada diretamente ao mercado do boi disse que a decisão de suspender fornecedores é muito “conveniente neste período do ano em que se tem início à entressafra e tradicionalmente a arroba se valoriza”. Ainda segundo a fonte, os dois grupos detêm 80% do abate nacional. “É uma estratégia para pressionar o mercado em favor deles, criar confusão e desestabilizar os preços”.
O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, disse ao Diário que posicionamentos como estes – feitos pelos frigoríficos – colocam toda a atividade na vala-comum. “Quem não está condenado legalmente não pode sofrer este tipo de sanção, mas o tratamento dado pela indústria é tal como se dá a bandidos”.
Como destaca o Globo Amazônia, o JBS, maior produtor de carne bovina do mundo, e o Marfrig, o segundo do Brasil e também um dos maiores participantes no mercado global de carnes, tomaram a decisão após detectar via satélite que parte de seus fornecedores atuava em áreas de preservação, indígena ou próximas de desmatamentos.
Seguindo um acordo feito com representantes da sociedade civil, entre elas o Greenpeace, o Marfrig suspendeu 170 fornecedores de sua lista de mais de 2 mil que atuam em Mato Grosso e Rondônia. Já o JBS cortou de seu cadastro 31 pecuaristas, colocando ainda 1.491 em situação de "alerta", enquanto verifica a condição desses criadores de gado nos estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Acre.
JUNHO – No início do mês passado, o Marfrig foi o primeiro (e único) frigorífico instalado em Mato Grosso a firmar o compromisso perante o Ministério Público Federal (MPF/MT) de só comprar animais para o abate de propriedades que respeitem a legislação ambiental, condições dignas de trabalho e as áreas indígenas, quilombolas e de proteção permanente.
MT LEGAL – Em março deste ano, pecuaristas de Mato Grosso optaram, ao invés de infinitos Termos de Ajustamento de Conduta (TACs), por oficializar a adoção do Programa Mato-grossense de Regularização Ambiental Rural, o MT Legal.
Fonte: Diário de Cuiabá
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